terça-feira, dezembro 21, 2010

A indústria da pobreza [10]

[DN, 21 Dez 10]

Algumas escolas e autarquias aderiram este ano à indústria da pobreza e mantêm cantinas escolares a funcionar para os 'mais carenciados'. Provavelmente, a ideia faz sentido e haverá certamente famílias que agradecem.
Não deixa, porém, de ser estranho que só este ano algumas câmaras tenham descoberto essa sua faceta humanitária.
Em Setúbal, por exemplo, parece que vão longe os tempos das bandeiras negras da fome. Ou, então, as crianças de Setúbal não gostam de lasanha (e não, não estamos a brincar com a pobreza, as câmaras - a de Setúbal, por exemplo - é que estão).

2 comentários :

Anónimo disse...

será que vão marcar falta injustificada aos alunos ??

Von disse...

Algarve: Câmaras de Loulé e Olhão abrem refeitórios no Natal
Alunos pedem mais comida

João, aluno do 6º ano de uma escola básica de Loulé, comia ontem, com notória avidez, a sopa de hortaliça e a carne assada com batatas, refeição confeccionada por Mirita, cozinheira da Escola Básica nº 3 de Loulé. Timidamente, o jovem confessava ser a sua primeira e única refeição do dia e, a medo, pedia para repetir o prato, o que lhe foi concedido de pronto.
pesar de não haver aulas, cerca de centena e meia dos 6500 alunos que frequentam os estabelecimentos de ensino do concelho de Loulé usufruem de almoços grátis. "É um dinheiro bem gasto. Reduziram os gastos nas iluminações e nos fogos-de-artifício e fornecem estas refeições, que, para muitos, é a única refeição quente do dia", realça Manuel Alves, presidente do Agrupamento de Escolas Padre Cabanita, escolhido para fornecer estas refeições na sede do concelho. Habituado a ver crianças com fome na escola, o docente sabe lidar com a situação. "A meio da manhã, começam a queixar-se de dores na cabeça. Só melhoram quando lhes damos o suplemento alimentar", diz Manuel Alves, que refere haver um agudizar da situação no Inverno, quando a sazonalidade despede muitos chefes de família.

Também a Câmara de Olhão optou por manter nas férias as cantinas do 1º ciclo abertas, fornecendo, diariamente, cerca de meio milhar de almoços grátis.