quinta-feira, dezembro 23, 2010

PISA: tudo está bem quando acaba bem

Há dias, Pedro Lomba escreveu no Público mais um artigo manhoso, no qual insinuava que a amostra dos alunos portugueses que participaram no estudo do PISA teria sido manipulada. Para dar tempero à coisa, nem se esqueceu de dizer que consultara a OCDE, a qual não lhe tinha dado, em seu entender, uma resposta satisfatória.

Muita gente terá ficado surpreendida com as palavras de Lomba, tanto mais que o próprio jornal em que ele escreve já havia esclarecido como decorrera o processo de escolha dos alunos. Fernanda Câncio, por exemplo, fez questão de também consultar a OCDE, tendo, por isso, questionado o que teria Lomba solicitado a esta organização internacional:
    “Quem desconfie de que um estudo internacional foi manipulado no seu país através da escolha cirúrgica das escolas e dos alunos (que é o que Lomba insinua) só pode começar por fazer uma pergunta: "Quem, e com que critério, escolheu as escolas e os alunos?" A segunda será, claro, "Os governos têm/podem ter alguma interferência nesse processo?" O pedido da lista só faz sentido acompanhado destas duas questões, sob pena de, caso a lista não seja facultada, se ficar com o mesmo grau de desconfiança de que se partiu - desta vez por deliberação apriorística.”
Durante uns dias, Lomba não se ouviu. Hoje, ainda visivelmente combalido, dá a mão à palmatória no Público (sem link):
    “Ficámos todos mais esclarecidos por termos indagado e, não fosse a pressão pública [sic] para que o ministério libertasse informação relevante, nunca poderíamos ter tomado conhecimento de como foi construída a amostra.”
De mais esta historieta de manipulação à escala doméstica, ficam-nos duas certezas, uma boa e outra má: a má é que a estatística não é o forte de Pedro Lomba; e a boa que a desonestidade em política pode ser um tigre de papel. Assim se queira desmontá-la.

1 comentário :

Ana Matos Pires disse...

Registe-se, também, que Pedro Lomba não esclarece que perguntas fez à OCDE.