domingo, janeiro 30, 2011

Fundamentalismo justiceiro

• A. Marinho e Pinto, Fundamentalismo justiceiro:
    Não é de espantar que essa insólita iniciativa do CM tenha sido subscrita por vários juízes e procuradores, dado o sentimento de amor/ódio que certos sectores da magistratura sempre tiveram para com os titulares de cargos políticos, embora com uma especificidade bem portuguesa: o ódio é dirigido aos políticos do regime democrático e o amor era (sempre foi) reservado aos políticos das ditaduras (atente-se na dedicação com que as magistraturas em geral serviram o Estado Novo).

    Não é de estranhar ainda o facto de ela ser também subscrita por alguns polícias e alguns jornalistas, pois é notória a promiscuidade existente entre eles. Basta ver as sistemáticas violações do segredo de justiça destinadas a obter na comunicação social aquilo que certos investigadores não conseguem nos processos: a condenação dos suspeitos. Os maus polícias sempre parasitaram os jornalistas sem ética e estes sempre privilegiaram aqueles, pois é mais fácil transformar em notícia as opiniões de polícias ou magistrados frustrados do que procurar a verdade através de investigações jornalísticas autónomas.

    Não é de admirar, até, que alguns advogados mediáticos subscrevam a petição (para inverter o ónus da prova em direito penal), pois, se atentarmos bem, não passam de pessoas complexadas por terem falhado as carreiras políticas que tentaram.

    O que causa estupefacção é a circunstância de políticos, alguns deles sérios, assinarem uma petição que visa proceder a uma subversão dos princípios da administração da justiça num estado de direito e que, no limite, ameaça os alicerces do próprio estado democrático. Obrigar todos os titulares de cargos políticos a justificar os seus bens perante polícias e magistrados (que nem sequer declaram os seus patrimónios ao TC) só pode provir de pessoas que não compreendem bem a essência da democracia com as suas virtudes e os seus defeitos. Ver esses políticos e alguns magistrados atrelados aos espasmos irracionais e antidemocráticos de um tablóide sensacionalista não pode deixar de constituir um sério motivo de preocupação.

8 comentários :

Albino M. disse...

Grande texto, de Marinho.
Mais uma vez...

Anónimo disse...

marinho a cascar forte e feio no correio da manhã e nos políticos falhados. como alguém disse sem partir a espinha a essa aliança espúria entre os maus jornalistas e os maus profissionais da justiça, o estado democrático estará sempre em causa.

xicoribeiro disse...

Excelente texto, comungo na sua plenitude.Ob. Dr. Marinho

Anónimo disse...

Marinho Pinto tem-os no sitio.

Anónimo disse...

Quando vejo Catalóide Pastana e
umas intelectualidades Justiçeiras
na onda.
Eu desconfio....

Anónimo disse...

Marinho e Pinto, quem é?

Zé_dopipo disse...

E porque não a inversão do ónus da prova nos casos de presumível enriquecimento ilícito? Concordo plenamente com isso e o texto do Marinho é rebuscado, troca o essencial pelo acessório e é só contribui para lançar a confusão na cabecinha de muita gente. Lá diz o sábio (de quando em vez) povo, "Quem ovos vende e galinhas não tem.."

Cumps

Radio da Alzira disse...

Essa "do quem é?", já sabemos no que vai dar... O outro (Agostinho Branquinho) perguntou o mesmo,e acabou a trabalhar, na empresa que não conhecia (Oingoing)... Ontem, ouvi na radio de Filipe Meneses (TSF), o Patrão desta empresa, o espanhol Sr Mora,justificar a aquisição de Branquinho, devido à vontade por ele expressa de abandonar a politica por estar farto do (Psd ?),e ser um sonho de muitos anos,trabalhar numa empresa deste género. Fiquei maravilhado, com a ternurenta satisfação deste sonho... Nota: Há 600 Mil portugueses, que já estão fartos do desemprego, e a quem recomendo a oingoing,pois é gente muito solidária...