A palavra aos (e)leitores (do Bloco de Esquerda)

“O BE é uma força política democrática de transformação”

A coisa está ao rubro no site da Esquerda.net. A notícia da apresentação da moção de censura já teve cinco páginas de comentários, embora agora só tenha duas. Ainda assim, restam alguns comentários no site que mostram que a decisão tomada à revelia da Mesa Nacional do Bloco não está a ser bem digerida.

É assim que o Augusto Pacheco entende que, “tendo em conta as declarações de Louçã nos últimos dias”, “a apresentação desta moção de censura, tem de ser muito bem explicada. Já o Lucas prefere colocar os destinos do país nas mãos da direita com as posições mais reaccionárias desde o 25 de Abril: “Louçã fez bem, tá na hora de [pôr um] ponto um ponto final neste governo”, porque “pelo menos o PSD assume aquilo que é.”

Pedro Costa, depois de considerar “lamentável” a posição do grupo parlamentar do BE, sublinha que “Louçã, que costuma ter ideias próprias, resolveu seguir o exemplo funesto do PC, isto é, anunciar ao país que está disposto a ajudar a afundar o barco quando ele mal se sustém, esquecendo-se que o importante é salvar as pessoas que nele navegam.” João Pereira, que diz ter votado no BE, comenta nestes termos: “relativamente às três razões que o Francisco Louçã apontou, acho que as coisas serão bem piores com um governo PSD-CDS. Ou alguém acredita que eles vão melhorar as políticas de apoio social? Parece-me que o Bloco está a cometer um erro tremendo e vamos ser todos nós a pagar por ele.”

Isabel, após confessar ter perdido a ilusão (“DESILUDIDA é como eu estou…”), inquire directamente o líder do BE: “DR Louçã, acha que o país terá melhores condições sociais com um governo de direita? A maioria dos serviços públicos serão privatizados, o tal FMI virá aí, os funcionários públicos serão demitidos, o desemprego aumentará! Não pretendo votar mais no BE, pois deixou de ser de Esquerda, para passar a ser o Bloco da Direita! Francamente, que insensatez!!!!” O mesmo faz Amadeu, que pede resposta a algumas questões que deixa no site. Debalde.

Afonso Neves, “seguidor do Bloco de Esquerda desde a nascença do mesmo”, informa de que nunca ficou “tão desapontado até hoje mas a decisão tomada é aniquilar o partido, nem partido do táxi será o Bloco depois desta decisão, isto é dar o poder à direita.” Mas parece que esta lição não serviu de muito ao Afonso: “estou muito desapontado, Carmelinda terás o meu voto nas próximas eleições.”

João Macieira Braz, que dá ao seu comentário o sugestivo título “LOUÇÃ, EM DESESPERO DE CAUSA, MANTÉM O SEU OBSTINADO LAPSO DE RAZÃO”, descarrega uma rajada de questões que deve ter deixado Louçã sem fôlego.

Mas talvez o melhor comentário tenha sido escrito por J. Alexandrino Fernandes, um apoiante de Louçã, o qual dá uma ideia muito aproximada de como é encarada no Bloco a pressão especulativa a que o país tem sido sujeito: “O BE é uma força política democrática de transformação, não tem que agir em função de nenhum ‘interesse nacional’, que é um ente fictício, mas de acordo com o mandato conferido pelos seus eleitores.”