sexta-feira, março 18, 2011

Em quatro pontos para não maçar muito

O Porfírio escreve e pensa bem, não nos fazendo perder tempo com palha. Eis um excelente excerto do debate sobre o estado da nação esta manhã :
    Sócrates, pelo governo, e Assis, pela bancada do PS, no debate sobre o estado da nação esta manhã, em resposta a um discurso frouxo de Miguel Macedo:

    (a) António Capucho, conselheiro de Estado pelo PSD, fez há pouco tempo as seguintes declarações: “o governo tem de levar uma rasteira e sair”. Como não veio o FMI, que o PSD anda há meses a convidar; como não veio o desastre na execução orçamental, que o PSD esperava como desculpa; veio a rasteira. Esta é a rasteira do PSD: provocar uma crise política. Mas, por quê agora? Passos Coelho abre uma crise no país para escapar a uma crise interna no PSD, onde já se afiavam as facas para o derrubar.

    (b) O anterior governo PSD/CDS apresentou o PEC em Bruxelas – não as linhas gerais, não a proposta de partida, mas a sua versão final – sem o apresentar no parlamento português. Não têm agora esses partidos nenhuma moral para se queixarem de uma “mera” apresentação pública das linhas gerais, com todo o tempo para passar ao debate das medidas propriamente ditas - garantindo que o PEC apresentado em Bruxelas não será uma "surpresa" para o país.

    (c) Na preparação, no ano passado, do orçamento para 2011, Passos Coelho, pelo PSD, recusou-se a negociar previamente: o PSD exigiu que o governo apresentasse primeiro as suas propostas e as divulgasse, só aceitando negociar depois. Agora, o governo apresentou publicamente as linhas gerais da sua proposta e quer negociar, segundo o procedimento exigido pelo PSD – mas, agora, o PSD exige o contrário do que exigiu o ano passado e, com essa desculpa, recusa-se a negociar. E não diz uma palavra sobre alternativas.

    (d) A prova de que a posição de Passos Coelho é a “rasteira” pedida por Capucho, com o único fito de Passos Coelho se salvar do golpe que os seus “companheiros” lhe estão (estavam) a preparar, sacrificando o país à guerra de barões do PSD – a prova está na evolução do discurso do PSD durante a sexta-feira passada, dia de cimeira europeia. Desde manhã, com Sócrates em Bruxelas a negociar com os seus parceiros europeus, o secretário-geral do PSD foi dizendo durante o dia que o seu partido apoiava as medidas que fossem no sentido de controlar o défice. O presidente do mesmo partido acabou o dia a tirar o tapete à posição do governo português. Por quê: Passos Coelho viu a sua oportunidade da tal rasteira conveniente.

    O debate continua.

    O país também.

6 comentários :

Anónimo disse...

Ainda bem que existe este blogue para nos informar. Todos devíamos dar esta referência ao máximo de pessoas para nos mantermos sempre bem informados.

Eles têm a comunicação social toda por conta dos interesses dos respectivos patrões.

Todos os opinadores promovidos e contratados pelos patrões da comunicação social é para nos desinformar.

sozinho em casa disse...

Socrates deu baile a todos eles, oposiçaõ sem elevação e nivel baixo em discursos erraticos, nervosos e trauliteiros.
A "deputada" dos comunistas verdes, de voz tridente de esguiço,é uma lastima.Que vá tratar do quintal do Jeronimo.

Mais uma vez por cima, mas muito por cima. Socrates é neste momento insubstituível.

Anónimo disse...

Como não chegam aos calcanhares do Sócrates têm tentado tudo: boatos, cartas anónimas, escutas, calúnias e agora também peças de teatro.

É idiota como certa esquerda se põe a jeito de ser a muleta do que eles querem impor - entrega da segurança social à bolsa, à banca e às seguradoras; entrega do serviço nacional de saúde aos mellos; entrega das águas e residuos aos ângelos; privatização da caixa, entrega da pt à telefónica, etc,etc,etc,

E como brinde ainda instalam o nuclear.

É claro que só farão isto com a conivência do PC e do BE. E depois não venham dizer que não sabiam...


O ataque das agências de rating e dos especuladores tem um propósito e uma agenda. OU SE RESISTE OU MORRE-SE.

Anónimo disse...

é, pelo menos, o unico dos dirigentes que luta e trabalha por condições objectivamente melhores para Portugal

e nesse sentido tentar conseguir sair da crise.

abraço

praianorte disse...

Neste cenário, Sócrates emerge como um lutador, alguém que não abandona, nem desiste. O que ainda exaspera mais os seus opositores. Raros são os políticos com tamanha força e determinação. Pelo contrário, a recente história portuguesa mostra como é mais fácil e compensador desistir.

LM

Anónimo disse...

1. Pergunta de escolha múltipla sobre cenários imaginários:
Passos, pá, tenho aqui um PEC com cortes nas pensões e uns aumentos de impostos. É necessário para acesso ao fundo europeu, que a Merkel não me larga as canelas. Aprovas?
Escolha a resposta que pareça mais correta:
a. Vou consultar a Manuela Ferreira Leite.
b. Vou consultar a Manuela Ferreira Leite e o PR.
c. Vou consultar a Manuela Ferreira Leite, o PR e o Fernando Lima.
d. Não, mas vou telefonar a todos os órgãos de comunicação social sobre o buraco orçamental.

2. Pergunta de desenvolvimento:
Diga quais seriam os títulos dos jornais no dia seguinte a Sócrates ter comunicado ao PR a intenção de apresentação do PEC 4 à chanceler alemã e restantes chefes de governo (máximo de 571 linhas):

3. Pergunte artística:
Desenhe um boneco para explicar aos comentadores a razão pela qual Sócrates não comunicou ao PR e Passos Coelho o PEC 4.

JotaCid