- 'Voltando à epifânia de Paco Underhill relatada no início deste artigo, cabe perguntar quem foi, neste caso, o verdadeiro inovador: Paco ou o proprietário do "shopping"? O mérito do professor esteve em aceitar o desafio em vez de se encerrar na sua concha de académico. Ainda assim, quem de facto teve a ideia foi o seu interlocutor, o que nos permite chamar a atenção para o papel decisivo que os clientes têm no processo da inovação, um fenómeno que Eric Von Hipel, do MIT, tem vindo a estudar há mais de duas décadas.
Significa isto que de pouco valerá os nossos jovens qualificados nas mais diversas especialidades terem vontade e capacidade de tornarem socialmente úteis os seus saberes se não encontrarem nas empresas disponibilidade para ao menos escutarem as ideias que eles tiverem para lhes apresentar. Ora, sendo nós um país de gente desconfiada, essa mesquinhez contamina os gestores das empresas e torna muito difícil essa coisa simples que deveria ser conseguir-se uma entrevista para propor algo inovador - excepto, é claro, quando se tem um pai importante ou amigos bem colocados.
Os gestores que reconhecem esta verdade e que se sentem incomodados com ela, poderiam talvez tentar desbloquear esta situação. E, já agora, em vez de ficarem à espera, que tal lançarem anualmente aos jovens profissionais que acabam de chegar ao mercado de trabalho o desafio de aparecerem para explicarem o que acreditam que poderiam fazer para tornar as suas empresas mais fortes e competitivas?'
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