segunda-feira, março 28, 2011

Mais um historiador que dispensa o distanciamento


O Público teve uma excelente ideia - encomendou para o fim-de-semana (sábado, 26) um texto ao historiador Filipe Ribeiro de Meneses (autor da recente e badalada biografia de Salazar) sobre a actual crise política.
Infelizmente, saiu um texto sem grande nexo e tendencioso.
O autor tenta fazer um paralelo com 1928 e 1891, a partir da ideia da insustentabilidade das nossas Finanças. Percebe-se a causa - o enorme desequilíbrio entre o que produzimos e o que gastamos - mas não se descortina o paralelismo nas consequências.
Na análise à situação actual, o historiador faz duas ou três citações de Paulo Portas, outras tantas de Passos Coelho, uma ou duas de Cavaco e ainda de... Luís Amado.
É claro que um texto, ou uma tese, não pode ser avaliado apenas pelas citações. Mas, neste como noutros casos, elas são reveladoras.
O historiador tentou analisar a crise actual a partir do olhar de Portas, Passos, Cavaco e Amado. Mas não daquele que, em seu entender, é o fautor da actual crise: Sócrates.
Ou seja, a análise do historiador, que o Público (presume-se...) pretendia mais densa e distanciada, acaba por padecer da principal pecha do jornalismo e do "comentarismo" doméstico - sustentar uma tese pré-concebida, sem sequer se dar ao trabalho de ouvir (e ouvir implica tentar compreender) a argumentação de uma das partes.
Mais do mesmo, portanto.

2 comentários :

tempus fugit à pressa disse...

e ler implica tentar compreender

que há razões em tudo

mesmo na falta de razão

a crise é tendenciosa...obviamente

as soluções são tendenciosas...naturalmente

e o político mente

ora se algum dissesse a verdade
nunca teria sido eleito
ou reeleito

essa é a diferença entre o discurso falado e escrito

o escrito pode-se analisar

Zé Povo disse...

Estes são os homens "honestos" destes pais...Se os valores que defendem correm para o mal,não aparece ninguem a pedir-lhes responsabilidades.Que grande vida...Um aviso: Não há mal que sempre dure,diz o nosso Povo. Noticia de ultima hora:Os maquinistas do Metro em Lisboa,tiveram promessa "secreta" de aumentos numa privatização por parte do PSD...