sexta-feira, março 25, 2011

Registos

• António Vitorino, Registos:
    (…) 4.º registo - a recusa do PSD em negociar com o Governo suscita as maiores dúvidas. Numa versão benigna pode-se dizer que, entusiasmados com a perspectiva do regresso ao poder, não quiseram "mostrar o jogo" antes de tempo. Mas, a crer na ambiguidade com que se referiram à questão dos "sacrifícios" mais justos impostos aos portugueses, receio bem que do que se trata é de criar a ilusão de que o ajustamento das contas públicas no prazo de dois anos se vá fazer sem que sejam pedidos novos "sacrifícios". Para começo de conversa de campanha eleitoral percebe-se, só que o estado do País não se compagina com a criação de ilusões que depois geram grandes decepções. Mais do que uma campanha de recriminações e culpabilizações mútuas, exige-se uma campanha de clareza nas opções. Infelizmente não me parece que a forma como a crise foi desencadeada pelo PSD aponte nesse sentido. Começa-se assim a perceber já os contornos da crise seguinte...

    5.º registo - só nas próximas semanas perceberemos em toda a sua extensão o impacto desta crise política nas condições de financiamento da nossa economia. Como coincidem todos os analistas, eles serão pesados. Talvez convenha ter em atenção que a nossa tradicional propensão para a escolha de "bodes expiatórios" não impressiona nem as instituições europeias nem os mercados financeiros. E que, no final do caminho, ninguém se poderá eximir a comparar o quadro do PEC IV do PS com o "PEC de tipo novo" que será adoptado lá para o Verão, ganhe quem ganhar as prováveis eleições legislativas. É que a continuidade do Estado (e a permanência dos contribuintes) prevalece sobre a sucessão dos governos.

    6.º registo - o Presidente da República queixou-se que a rapidez com que a crise se desenvolveu lhe retirou margem de manobra. Registe-se, para efeitos de crises futuras, que em Belém se preferem crises lentas.

2 comentários :

Anónimo disse...

Um Presidente que divide em vez de unir não tem qualquer margem de manobra - agora e nunca.

O Presidente delimitou o seu espaço de manobra.

Tudo o que está a acontecer ao País lhe é imputado e imputável.


Como ele próprio disse - Se não fossem os discursos dele...

Zé da Minda sempre disse...

É como no sexo... deve ser feito com calma, e se possivel sem sangue! para não dar chatices...