sexta-feira, abril 29, 2011

E nunca se esqueça que Relvas é o n.º 2 do PSD

Miguel Relvas não dá descanso a ninguém. Depois das pérolas de ontem no ISCSP, hoje dá uma entrevista ao “Público” (aqui e aqui). As respostas de Relvas são preocupantes pelo que o entrevistado revela, seja do ponto de vista ideológico, seja do mero conhecimento da realidade. Algumas passagens:

Quem faz o discurso do Estado social criou miséria, fome e desregulação das famílias portuguesas como nós nunca vimos. Nós estamos a precisar de um plano de emergência social e essa será a primeira preocupação de um governo do PSD, a par do crescimento económico. Têm que estar ambas de mãos dadas, para que Portugal tenha um projecto de esperança que também seja um projecto solidário. E aí não há projectos nem de centro-direita nem de centro-esquerda: há a diferença entre quem faz e quem fala. Há gente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto a passar mal. Não foi para isso que construímos a democracia.

O PSD é incapaz de articular uma frase sobre os resultados – validados internacionalmente – dos últimos anos. Até termos números actualizados, a pobreza e as desigualdades diminuíram em Portugal para níveis nunca antes vistos no passado recente. Quando vierem os números de 2010, falamos. Mas ignorar o que foi conseguido desde 2005 é simplesmente desonesto. Para falar sobre a pobreza, Miguel Relvas usa política do feeling.

À desonestidade, junta o ridículo. É que os portugueses podem votar PSD por muitas razões, mas não é seguramente por serem o partido que se preocupa com os mais carenciados. Socialmente, o PSD é hoje um partido de extrema-direita (como bem apanhou Portas ontem, ao dizer estar o CDS nesta área à esquerda do PSD). Relvas já devia ter percebido que quanto mais fala no assunto, mais apalhaçado parece.

Por fim, a última frase de Relvas demonstra todo o seu desprezo pela democracia enquanto sistema político. Que Otelo diga uma imbecilidade dessas, ainda vá. Que Relvas, que até dizem ter formação em ciência política, faça da democracia um leitura puramente instrumental – em função dos benefícios económicos que traz , ou não, à população –, é de enorme gravidade.

Vamos ter de ter uma prestação social de eficiência, na qual a economia social vai ter um papel importante. Temos no país um sector muito esquecido, que são as instituições de solidariedade social. E que estão numa situação particularmente difícil, pois os apoios do Estado já são insuficientes face ao número cada vez maior de pessoas que está a recorrer a ele. E que está a ser compensado pelas autarquias. Esse problema vai acentuar-se e teremos de reformular esse apoio. Temos de, obrigatoriamente, ter dinheiro para esses sectores mais débeis. Vamos ter de ser muito exigentes, mais justos...

Há largas semanas que estamos à espera de conhecer as medidas do PSD para o sector. Se é uma emergência, porquê a demora? A “prestação social de eficiência” (não podem arranjar um nome melhorzinho?) vai garantir a sopa dos pobres? Vão pegar no dinheiro do RSI e dá-lo às IPSS? E para garantir essa “exigência” e “justiça”, vão fazer prova de rendimentos à porta das instituições? E vão espalhar Zeca Mendonças pelos bairros para saber se as famílias não têm gastos supérfluos? Se este cenário não fosse trágico e se o discurso não atingisse o tecto da hipocrisia, até podia ser cómico.

A filha do homem mais rico de Portugal não pode pagar nove euros por uma consulta num hospital público, pagando o mesmo que a filha de um desempregado. Não é justo. Quem disser que é justo revela uma grande insensibilidade.

Fica provado, se dúvidas houvesse: Miguel Relvas é ignorante ao ponto de não saber o mínimo sobre o financiamento de serviços públicos. Caro Relvas: o homem mais rico de Portugal, se paga impostos sobre os seus rendimentos (de trabalho ou capital), já financia o serviço mais que qualquer outro cidadão, pela simples razão que o imposto sobre o rendimento é progressivo, e isenta quase metade dos agregados familiares em Portugal. Como explicou o João Galamba em directo há dias, na TVI24, à não menos ignorante Maria João Avillez, se Relvas quer colocar os mais ricos ainda a pagar mais pelos serviços públicos, tem uma solução simples: aumente a taxa máxima do IRS.
    Pedro T.

4 comentários :

Farense disse...

Este rapaz é tolo, n tem memória e não tem noção nenhuma do funcionamento das instituições do Estado. Ignora de igual modo os varios instrumentos e programas de apoio social. Ou não ignora. Ele conhece-os bem....mas quer colar a ideia feita nas conversas à mesa de café de que os apoios sociais apenas alimentam a indigência dos ciganos e dos desempregados e de outros mandriões que não querem trabalhar. Ao invès, o estado deve apoiar as IPSS. Ou seja, o PPD serve-se de alguns abusos nao controlados na atribuiçao dos subsidios sociais, que os há, para encher os cofres e fazer prosperar os negocios com os velhos e os desprotegidos, seja através das IPSS, seja de outras instituições conhecidas. Falta quem faça de Maria Supico Pinto!

Evaristo Ferreira disse...

Não há dúvida, o Relvas é o mastim de Passos Coelho. Diz e faz o que o respeitável "futuro" primeiro-ministro não deve dizer nem fazer. Com trauliteiros deste calibre, não é possivel haver "moderação" na campanha eleitoral que aí vem. Deve ter resposta à medida da sua verborreia. Relvas é um ressabiado raivoso, perigoso e mentiroso.

algarvio disse...

Atenção Portugueses! Atenção ao grupo de Angola que tomou de assalto a direcção política do PSD.

Anónimo disse...

É demasiado evidente que o Relvas nunca sentou o cú num hospital público. Tem medo de apanhar pulgas!