terça-feira, julho 19, 2011

Campanhas sujas



Andamos todos abismados com as notícias que nos chegam de Inglaterra, com mortes, demissões, detenções e fecho de um jornal. A comunicação social prefere falar do que se passa lá longe para não ter de falar do que aconteceu, nos últimos anos, cá dentro, especialmente com as sucessivas campanhas sujas contra José Sócrates.

Vale a pena, a este propósito, ler a entrevista dada à revista Atual do Expresso por Barry Hatton, um inglês que vive há 25 anos em Portugal e é o correspondente em Lisboa da Associated Press. Hatton dá esta entrevista por ter lançado um livro sobre Portugal, agora traduzido para português. A propósito do que se passou nos bastidores do caso Maddie, diz:
    ‘Como centenas de outros jornalistas estrangeiros, deslocava-me ao Algarve para fazer a cobertura da história. Ao pedir informações oficiais à PJ ou à Procuradoria, a resposta era sempre: “O assunto está sob segredo de justiça.” Porém, no dia seguinte, os jornais estavam cheios de informações sobre o caso. Quando telefonava à polícia para confirmar o que vinha nos jornais, só me diziam: “Não podemos comentar.” O livro de Gonçalo Amaral tornou claro que tudo o que saíra na imprensa vinha mesmo da polícia. Era fuga de informação.’
É claro que isto é um pouco mais complexo e sofisticado nas campanhas políticas.

6 comentários :

Anónimo disse...

estão todos horrorizados com as escutas em inglaterra e com a chantagem replubicana sobre a dívida dos usa. quer num caso quer no outro temos cá em portugal casos semelhantes e ninguém se horrorizou: pm escutado em flagrante violação da constituição e cumplicidades entre magistrados/polícia e jornalistas (1º caso) e partidos que empurram o país para o abismo financeiro só para acederem ao poder. diferentes latitudes, métodos iguais.

Anónimo disse...

manipulação da investigação são os gratificados da pj e do mp.

Anónimo disse...

pois...

Anónimo disse...

Cá teriam que levar o Moniz e a bruxa de cana, o que é no mínimo um bocado chato... em vez disso receberam um prémio!

Ernestina Sentieiro disse...

As escutas portuguesas são tanto ou mais graves do que as britânicas. O negócio, em que intervieram magistrados/polícias/jornalistas, visou não apenas vender papel ou colher audiências, como na Grã Bretanha, mas acima de tudo destruir pessoas, ser uma arma traiçoeira de ataque político.

Filipe Brás Almeida disse...

Se me for permitido...

"In the coming days, as we take further concrete steps to resolve these issues and make amends for the damage they have caused, you will hear more form us." - Rupert Murdoch.

Well pardon me, Rupert, but consider for a moment that I don't want to hear more from you.

Em relação à comunicação social portuguesa, ela reflete infelizmente, o funcionamento de todo o resto da nossa sociedade: Fraca, e politicamente comprometida. Uma farsa quase completa, com raríssimas exceções de pensamento ou crítica, livre e racional.