- ‘(…) Portugal, depois da crise política, tem um novo Governo com uma orientação neoliberal típica e ministros, mais ou menos, inspirados na escola de Chicago. Assim sendo parece terem poucas condições para subsistir muito tempo, porque a evolução da União Europeia vai necessariamente caminhar em sentido contrário. O CDS/PP terá talvez voltado à Democracia Cristã - e, portanto, à doutrina social da Igreja - porque terá compreendido que o neoliberalismo estrito nos conduzirá a um beco sem saída.
ASSUSTA-ME, ASSIM, QUE O GOVERNO insista nas privatizações, a qualquer preço, arruinando o património nacional, sem contrapartidas sólidas. A venda do BPN, nacionalizado nas condições que se sabem, e privatizado ainda de maneira mais polémica, julgo ser um péssimo exemplo. Mas o mais grave é que se fala já de outras privatizações: as Águas, inaceitável, que em si mesmas constituem um direito humano comum; parte da Televisão do Estado, outro erro colossal, na medida em que tem sido um instrumento insubstituível da Lusofonia; dos CTT, que dá bons lucros ao Estado; a TAP, destruindo os nossos aeroportos (obrigando-nos a irmos a Angola ou ao Brasil, por via Madrid); a REN; etc. Com tais medidas, não se trata de tirar gorduras ao Estado mas de o destruir, quando mais precisamos dele. Para quê? Para serem vendidas por tuta e meia a empresas estrangeiras, e sendo algumas delas, curiosamente, estatizadas...
(…) Sabemos que são precisos cortes, austeridade, e muito dinheiro para pagar os juros dos empréstimos. Mas com bom senso e sentido patriótico de coesão nacional. Até agora foram atingidas fundamentalmente as classes médias/baixas, as pequenas e médias empresas e os mais pobres (desempregados, idosos com reduzidas pensões, etc.). Porém, o mais grave, é que não resta dinheiro para investir. Por isso, estamos a entrar numa recessão, que não nos deixa com qualquer horizonte de esperança. Para quê então os sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses? A União Europeia, com a crise a bater à porta de países como a Itália, a Espanha, a Bélgica e, talvez outros, finalmente, está a acordar para as suas responsabilidades. Como os Estados Unidos, depois do compromisso feito entre os democratas e os republicanos. A própria China e outros países emergentes temem que se caminhe para uma crise mundial de proporções nunca vistas. (…)’
2 comentários :
O PSD está a fazer o ajuste de contas com Abril.São sábias as palavras de Mario Soares.A Europa tem que mudar e o CDS já se apercebeu disso.Passos Coelho não pense que a maioria está garantida para toda a malandragem.Portas, dizendo não, pode abrir a porta a um governo com mais consciência social mais serio nos seus propositos e com clara vantagem eleitoral para a CDS em futuras eleiçoes.
Portas está lá para se encher como os outros e apagar todos os vestigios das malfeitorias que andou a fazer em alturas anteriores . Não é melhor que os outros e o pote também o cega.
Enviar um comentário