sábado, agosto 13, 2011

Pobreza

• Fernanda Câncio, Bom dia pobreza:
    ‘Descontemos, porque o espaço é curto, o facto de as IPSS serem generosamente financiadas pelo Estado e de se estar deste modo a anunciar um reforço desse financiamento; centremo-nos na ideia de que o Estado "não tem funcionado" nessa área. Temos sido, é certo, bombardeados, em notícias, reportagens e discursos partidários, com a certificação de que a desigualdade "tem vindo sempre a aumentar e a pobreza também". À direita e à esquerda as oposições foram coincidentes - e quão - nisso: tudo estava cada vez pior, nada funcionava.

    Pouco importa pois que Eurostat e INE demonstrem que entre 2003 e 2009 a percentagem de população em risco de pobreza em Portugal passou de 20,4% para 17,9 (a média da UE é 16,3%), tendo nos idosos diminuído ainda mais, de 28,9% para 21% (o que corresponde a uma descida de 26%), no mesmo período. Pouco importa que o índice de Gini, o indicador da desigualdade na distribuição dos rendimentos, tenha registado uma diminuição recorde, de 0,378 para 0,337 (a média da UE é de 0,303). A propaganda, quer à direita quer à esquerda dos governos PS, decretou que nada disso interessa - ou é "mentira" -, que a pobreza alastrou e as desigualdades se adensaram.

    Ora, se aquelas políticas não serviam eram precisas novas, não eram? Ei-las. E se a direita agora no poder nunca escondeu realmente ao que vinha, a esquerda do PCP e do BE pode felicitar-se por ter contribuído com denodo para abrir caminho à política dos restos e do assistencialismo. Quanto ao ministro Mota Soares, pode bem revelar-se um profeta. Num governo que aumenta 20% os transportes e prevê um passe social só "para muito pobres", confisca metade do subsídio de Natal sem explicar porquê, prevê aumentar ainda mais o IVA e quer tornar os despedimentos mais baratos ou mesmo grátis, a previsão de um aumento do risco de pobreza é pura honestidade. Mesmo que não seja.’

1 comentário :

Zé da Minda sempre disse...

Estas estatisticas não interessam...o importante é que com o falso pretexto da probreza,se façam duas coisas: Recompensar a igreja pelo trabalho sujo que fez em prol da direita,tendo em vista o derrube de Sócrates.A segunda, reunir o rebanho da igreja catolica,com ofertas discriminatorias para proximas batalhas,esquecendo outras instituiçoes fora da igreja e com trabalho meritorio.Apareça um Jornalista serio a questiona-los sobre estes dados. Portugal está amordaçado. Se não houvesse os blogues estavamos lixados. Sugiro a Fernanda Cancio uma entrevista ao Bispo de Lisboa de apelido Azevedo, para confronta-lo com estes numeros que contrariam o seu nojento discurso repetido até à exaustão durante meses.