- ‘Apesar de o primeiro-ministro ter alegado no Parlamento que "o BCE não teve nada a ver com isto" porque "não intervém no mercado primário", toda a gente sabe que a verdade é outra: o dinheiro que alterou o comportamento do mercado primário é, de facto, o dinheiro que veio do BCE e foi emprestado aos bancos, numa operação inédita. O equívoco do Ministro das Finanças, prontamente desfeito pelos mercados, não deixa de ser muito revelador - e preocupante. O que a sua ilusão mostra é que, lá no fundo, e contra todas as evidências, ele continua a acreditar que o ponto de "viragem" desta crise pode ser construído à custa de obsessivos programas nacionais de austeridade e recessão, sem que a zona euro corrija a falha sistémica que a colocou no centro da crise das dívidas soberanas e sem que se dê aos mercados a garantia de uma estratégia coerente e credível de crescimento económico. E é por isso, aliás, que ninguém pode contar com o Governo português para ser uma voz activa em defesa de uma resposta mais inteligente da zona euro a esta crise, que seja capaz de a libertar da especulação instalada nos mercados financeiros de dívida soberana e que dê ouvidos aos apelos que hoje já chegam de todos os lados, incluindo até do FMI e das próprias agências de ‘rating'.
Dito de outra forma: o ministro das Finanças tarda em compreender que a narrativa simplista desta crise, que a entende como mera consequência da "indisciplina orçamental" de uns quantos, pode ter servido o propósito político de derrubar o Governo anterior como serviu para derrubar vários outros governos por essa Europa fora - mas não serve para mais nada. A responsabilidade na gestão orçamental será sempre necessária, certamente. Mas entendamo-nos: esta crise é uma crise do euro e é uma crise sistémica. E isso tem de significar pelo menos uma coisa: qualquer "viragem" que não seja sistémica só pode ser uma miragem.’
8 comentários :
crise é do capitalismo...e é duvidoso que o systema vigente seja abalroado..e se o for implantar um novo systema dá azar..
Ainda bem que este senhor que assina o artigo e que critica os "pacotes nacionais de austeridade" não é ex-ministro do anterior governo que apresentou 4 PECs e que assinou um memorando de entendimento com a troika.
Anonimo do 1. andar,quantos pecs já assinamos depois do 4.?Podiamos estar em 10, que continuava a ser mais vantajoso do que sermos resgatados. Merkel, porque motivo puxou as orelhas ao Coelho do continente? O memorandum da troika foi assinado numa situação de derrota no parlamento,mas não previa o corte do Subsidio de ferias e de Natal,e não obrigava a ir além da troika.Anonimo,hoje estavamos na situação da Espanha mas com menos desempregados,em termos percentuais.Silva Pereira tem toda a ligitimidade para dizer que o Governo foi derrubado através de uma mentira fabricada pelos direitolas que estão a destruir este pais.
Ainda bem que agora , com este novo governo,estamos muito melhor! Ele é emprego para todos, direitos adquiridos em alta, mais e melhor saude, melhores e mais baratos transportes, menos impostos, mais deduções, menos produtos com iva, mais crescimento, mais escolas, creches, centros de dia e cuidados para os idosos, medicamentos mais baratos e comparticipados.Enfim, vivemos no paraiso graças aos competentes e bem aventurados esforços do nosso "querido Passos" e seus abenegados ministros, mais o providencial e paternal presidente.
Deve ser tão bom passar o dia a sonhar, amigos direitolas...
Já está na altura de largarem a "mama" da desculpa do governo Socrates e passarem a arranjar desculpas mais adultas para a m**** que andam a fazer, senhores de direita bafienta.
agora a sério 50 anos a desvalorizar a lira italiana...ou 25 a desvalorizar o escudo...também não resolveram grande coisa...
mais vale a crise no euro que a inflação a 50% (excepto pra quem tem armazéns em cofres-fortes) e mesmo esses ...
o que aí vem pode não ser o nacional-socialismo mas vai ser parecido
Picamilho /Elvas disse...
Anonimo do 1. andar,quantos pecs já assinamos depois do 4.?Podiamos estar em 10, que continuava a ser mais vantajoso do que sermos resgatados....sim mas e pagávamos os antibióticos e os anti-virais com quê?
é que o crédito foi-se em Maio de 2010
podia claro deixar-se de pagar ao funcionalismo ou pagar 60% em certificados ou em bolotas..
ainda há fertilizantes espanhóis para o milho de regadio
e há água?
é que bombá-la custa gasoil...e nã temos nenhuma mina
e queimamos muito
eu bou ver se chove...
O PEC IV continha um resgate em condições muito mais favoraveis que as do FMI, portanto dinheiro não ia faltar.
Havia era uns senhores que andavam por ai fartos de democracia e povinho com direitos.
Ainda bem que fizeram uma bela "golpada" e agora o povinho foi posto no seu lugar.Estamos claramente muito melhor hoje...
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