segunda-feira, janeiro 02, 2012

O ano de 2011 – [I]
A frase mais pateta do ano (que pode não o ser se deixarmos o Álvaro à solta)



O Álvaro foi à Assembleia da República no dia 25 de Outubro, tendo dito um conjunto de baboseiras sobre o combate ao desemprego e a promoção do emprego. Já é possível neste momento comprovar que tudo não passou de um amontoado de palavras sem nexo.

Mas então o país deu uma boa gargalhada quando ouviu o ministro Álvaro dizer: “Nós em seis meses vamos transformar o país e apresentar reformas que irão marcar o país para as próximas décadas. É para reinventar o país.” Dias depois, Fernando T., um leitor atento, propôs que alçássemos estas palavras do Álvaro a epígrafe do CC, o que não aconteceu por inércia.

Com efeito, embora se trate de palavras inequivocamente patetas, o Álvaro revelava naquele momento o que lhe ia na cachimónia: a vontade de virar do avesso tudo o que respeita a direitos dos trabalhadores. E a verdade é que o apardalado Álvaro se prepara-se para, antes de ser recambiado para a neve, tomar as seguintes medidas:
    • Despedimentos mais fáceis;
    • Despedimentos muito mais baratos;
    • Mais tempo de trabalho (através do acréscimo de meia hora diária, da eliminação de feriados e da supressão dos dias suplementares de férias que Bagão Félix criou para brindar os não absentistas);
    • Redução do subsídio de desemprego (em duração e valor);
    • Redução salarial, que não atinge apenas os trabalhadores do Estado, tendo em conta as alterações no IRS (mudanças de escalões e taxas e eliminação de deduções) e os cortes nos pagamentos por trabalho aos fins-de-semana e feriados e nas horas extraordinárias.
Se a tudo isto acrescentarmos que o Governo impôs à troika a inclusão no memorando de uma artimanha que, na prática, rebenta com a contratação colectiva, podemos concluir que a “reinvenção” do país badalada pelo Álvaro pode não ser uma declaração tão pateta como aparenta.

10 comentários :

Anónimo disse...

o estadista cumprimenta o porteiro e de seguida corta-lhe no subsídio.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Pena que a "reinvenção" seja sempre para o mesmo lado : o de quem trabalha.

Anónimo disse...

A que propósito está o "André Vilas-Boas" a receber o Álvaro?

Quer um, quer outro podem limpar as mãos à parede pela m**** que têm feito.

Anónimo disse...

E qual dessas atrocidades teve o voto contra do ps?

Luís Lavoura disse...

Em Vancouver, onde o Álvaro vivia, basicamente não há neve.
Vancouver tem um clima bastante semelhante ao do Porto.

antiXuxa disse...

Registo que o autor deste artigo ou não quer que o país ande para a frente ou pretende continuar com o regabofe do paraíso do Sócrates! Quando se fala de despedimentos mais fáceis e baratos, pensa-se logo em ataque aos trabalhadores ... quais? aqueles que como na CP dão prejuízos à empresa e aos utentes porque não concordam com processos disciplinares aplicados com justiça? mais tempo de trabalho? Meu caro senhor, desde que me conheço que sempre trabalhei mais tempo do que o horário que tenho acordado com a entidade patronal e ainda cá estou!!! Receber prémios por cumprir as nossas obrigações minimas como trabalhadores que ~´e chegar a horas? Redução do subs de desemprego? Muito boa gente ganha mais no desemprego do que a trabalhar e não procuram emprego durante ano e meio (fazem uma pausa sabática à custa do contribuinte!)! Rebentar com a contratação colectiva que só dá direitos aos trabalhadores e nenhuns deveres? Caro senhor seja honesto intelectualmente e como comentador, explique às pessoas a verdade!

Anónimo disse...

A verdade do antiXuxa é tão verdade como o passos coelho ter prometido que não cortava subsidios e depois foi o que se sabe.
Já ouviu falar de mitos urbanos? Tudo o que descreveu no seu comentário é isso mesmo, mito urbano.
Vá trabalhar a sério para essas empresas onde está convencido que o trabalhador anda na " mama" e depois então venha comentar de novo.
Só posso concluir que fala na qualidade de patrão que nunca poderá ser despedido e como tal, tanto se lhe dá que o mercado de trabalho seja desregulado para o lado do trabalhador. Já pensou um pouco porque é que os trabalhadores t~em direitos consagrados por lei? Se calhar era porque os patrões, em podendo, se estavam a marimbar para o trabalhador que infelizmente para si, também é humano e têm vida para além do dever de estar disponivel para o patrão 24 horas por dia a troco de ...nada!

antiXuxa disse...

Caro anónimo 12:35, falo realmente na qualidade de trabalhador e não de patrão, e posso afirmar que não estou livre de ser despedido! No entanto luto todos os dias para que isso não aconteça cumprindo os meus objectivos, defendendo a minha empresa e tentando pelo trabalho (sim pelo trabalho) ser reconhecido! É o que tem acontecido, pois qualquer patrão o que pretende é lucro e se o seu funcionário lhe permite isso, não o vai despedir! Agora há muitos que se agarram ao emprego e pouco ou nada se importam com o trabalho e com a empresa. São esses que tiram trabalho aos mais jovens, aos mais competentes porque a lei laboral dá-lhes esses direitos.
Quantos aos subsidios cortados ..... se calhar se a situação económica do país fosse transparente e do conhecimento de todos, não levaria que os PM's deste país prometam uma coisa e façam outra! Estou de acordo que o prometido não foi cumprido, mas pergunto: se soubessem do caos em que estávamos, teriam prometido isso?

Anónimo disse...

Se não tivessem prometido não ganhavam eleições. O caro antiXuxa pensa realmente que o PSD assinou o memorando da troika sem saber em que estado as coisas estavam? Sem ter, inclusivé, contribuido para esse estado de coisas ( o chumbo da nova lei de financiamento das regiões autonomas que o PS pretendia aprovar é só um dos exemplos de como a oposição na altura contribuiu para o descalabro financeiro)?
Quanto ao facto dos trabalhadores terem direitos a mais, eu julgava que o despedimento no privado não era proibido. Estou errado? O que impede um patrão de despedir um trabalhador que não faça o que lhe compete? É a coisa mais fácil. O que a lei dificulta, sim ( e vai deixar de dificultar dentro em breve)é que o trabalhador seja despedido para ser substituido por um mais barato.E é isto que vai passar a acontecer depois deste governo alterar a lei laboral.E quando isso acontecer não importa o quanto o caro trabalhe, não faça férias e dê as horas que puder ao seu patrão: vai ser despedido se puder ser substituido por um mais barato.De preferencia a recibos verdes.É o glorioso mercado a funcionar em todo o seu esplendor, infelizmente.