sábado, janeiro 21, 2012

A Standard & Poor's fez-nos um grande favor

Nicolau Santos, A Standard & Poor's fez-nos um grande favor:
    ‘Ora eu, que me tenha fartado de perorar contra as agências de rating, penso que, desta vez, a S&P’S nos fez um grande favor. Com efeito, pela primeira vez, uma agência coloca as coisas como elas devem ser colocadas, desmentindo as inúmeras e míopes declarações de vários dirigentes europeus, que nos andaram a embalar com a história que estávamos perante uma crise da dívida soberana dos países da periferia. Do que se trata, diz, preto no branco, a S&P’S, é de um problema da zona euro e não deste ou daquele país. E se é um problema da zona euro, então as decisões nacionais, sendo importantes, não são suficientes para desatar o nó górdio da questão. Só medidas supranacionais podem salvar o euro.

    O segundo favor que a S&P’S nos faz é criticar frontalmente a estratégia assente apenas no pilar de austeridade que tem vindo a ser defendida por Merkel e Sarkozy para resolver a questão. É verdade que a S&P’S e as suas duas irmãs (Moody’s e Fitch) são de uma enorme hipocrisia, porque em 2008 aplaudiram que os Estados inundassem as economias de dinheiro para salvar os bancos; mas em 2009, com a casa a salvo, exigiram draconianas medidas de austeridade para reduzir os défices orçamentais, entretanto criados por aquele efeito; e agora, como se nada se tivesse passado, vêm dizer que a austeridade só por si não conduz a lado nenhum. Como diria o Eça, é preciso topete! Mas de qualquer modo, este é o reconhecimento de que esta política de estrangulamento das economias e dos povos europeus (e com muitos a aplicar a mesma receita ao mesmo tempo) só pode conduzir àquilo que está anunciado: de um crescimento estimado de 1,9% para a zona euro em 2012 passámos num ápice para uma recessão estimada de 0,3%’
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1 comentário :

Anónimo disse...

"mas em 2009, com a casa a salvo, exigiram draconianas medidas de austeridade para reduzir os défices orçamentais"


Eu não me lembro de as agências de rating exigirem coisa nenhuma.
Quem exigiu foi a Alemanha!