"Tem havido luta de classes nos últimos 20 anos e a classe que venceu foi a minha"

• Martin Wolf, A desigualdade nos EUA não tem de determinar o futuro do Reino Unido:

‘O Congressional Budget Office dos EUA observou num estudo recente, e particularmente interessante, que para os 1% da população com o rendimento mais elevado, o rendimento médio das famílias depois de impostos cresceu 275% entre 1979 e 2007, representando 17% do total. Para os que ocupam o quintil do topo da distribuição do rendimento, o rendimento médio das famílias depois de impostos cresceu 65%. Para os 60% que ocupam o patamar intermédio (os percentis 21 a 80), o crescimento do rendimento médio das famílias depois de impostos foi ligeiramente inferior a 40%. No caso do percentil mais baixo, o rendimento médio das famílias depois de impostos aumentou 18%. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) observa que "os americanos mais ricos arrecadaram o grosso dos ganhos nos últimos 30 anos". Além disso, sublinha que a maior parte desses ganhos foi directamente para a conta bancária de executivos e profissionais da finança.

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O que deve ser feito? A agenda terá de ser extremamente abrangente: do emprego, educação e ‘corporate governance' à reforma financeira, e, por mais difícil que a tarefa possa ser, também deverá incluir elementos de redistribuição. A discórdia é inevitável, mas paciência. Se as democracias ocidentais quiserem manter a legitimidade aos olhos das suas populações, então, não se poderão furtar a este debate. Talvez não seja assim nos EUA, mas é-o seguramente no Reino Unido. "Tem havido luta de classes nos últimos 20 anos e a classe que venceu foi a minha", declarou Warren Buffett. Este comentário não foi bem recebido pelos seus pares, mas a verdade é que tem razão.’