- ‘E bastaram 53 segundos de conversa informal para que a máscara caísse e a narrativa mudasse. "Ficamos muito agradecidos", afirmou, subserviente e piegas, Vítor Gaspar perante a disponibilidade condescendente e arrogante de Wolfgang Schauble, o todo-poderoso ministro das Finanças alemão, para aliviar a austeridade imposta a Portugal pelo programa de ajustamento financeiro.
Quinta-feira, 9 de fevereiro, ficará pois para a história como o dia em que todos constatámos o que há muito tempo era óbvio: o programa da troika não é exequível nos prazos que estão definidos, que terão por isso de ser renegociados. Mas ficará também para memória futura como a data em que(…) Portugal se vergou, grato, ao diktat alemão.
(…)
Dirão alguns, porventura a maioria desatenta, que a Alemanha, como maior contribuinte líquido da União Europeia e como maior credor dos estados incumpridores, tem autoridade para atropelar a democracia, operar à margem das instituições e transformar a UE numa nova versão do império prussiano e humilhar os seus devedores. E foi também isso que Vítor Gaspar, com o seu "ficamos muito agradecidos", permitiu que Schauble fizesse.
(...)
Daqui para a frente, e não vale a pena negá-lo, a narrativa do cumprimento do acordo da troika em Portugal tem de mudar. Até porque ninguém entenderá que, de agora em diante, de cada vez que Vítor Gaspar se encontrar com Schauble ou Passos Coelho com Merkel, se faça em Portugal o discurso do "custe o que custar" e em Bruxelas o papel de grato e subserviente face à interminável generosidade alemã. Isto é, o discurso que se faz cá dentro tem de ser igual ao que se faz lá fora, para que tenhamos a certeza de que nos estamos a dar ao respeito.’
1 comentário :
Temos que mandar a europa à fava e reescrever a nossa história de 1933-1968.
Temos andado a escreve-la ao contrário.
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