quinta-feira, fevereiro 09, 2012

A palavra aos leitores — “Estupefacção”

A TVI captou uma conversa privada entre os ministros das Finanças alemão e português (na qual o braço direito de Merkel promete dar uma mão ao Governo português), que mereceu o seguinte comentário da parte do leitor Luís V.:
    'Não sei o que causa maior estupefacção nesta notícia:

      i) a postura de superioridade do ministro das Finanças alemão;
      ii) a postura de subserviência do ministro das Finanças português;
      iii) o modo traiçoeiro como a conversa privada foi captada;
      iv) o modo irresponsável como o seu conteúdo é usado, sem medir as consequências que a sua difusão irá provocar além fronteiras.'

14 comentários :

Anónimo disse...

Pensei exatamente o mesmo!

Portugal no SEGURO...já!!! disse...

Meus amigos...TEMOS LÍDER!!!

Álvaro de Campos disse...

As imagens são da TVI?

Por acaso não terá sido isto combinado...?

Não digo com o Schäuble, mas com o Gaspar e a TVI?


Hein?


Eles os dois a falarem com uma câmara de tv a cerca de dois metros...

Fernando Romano disse...

Vi na SIC.

Tudo isso, mas impressionou-me esta:

"ii) a postura de subserviência do ministro das Finanças português".

Incrédulo, deprimido, humilhado e depois indgnado. Foi o que senti. A cena, pelas poses de cada um dos personagens, pelo diálogo, é digna de figurar num museu para retratar os responsáveis actuais da UE e União Europeia. E do Governo português. Para memória futura.

Desmascara várias coisas, desmonta toda a propaganda orquestrada pelo Min. da Propag. deste governo nas televisões e de todos os Ferreirinhas como o da SIC e outros analistas e comentadores sacanas de serviço.

Revela um Ministro das Finanças à deriva, de calças na mão, abandonado pelo Primeiro Ministro, pelo governo, que não tem ombridade de colocar, nas adequadas instâncias da UE, propostas. Revela ainda que o Primeiro Ministro vai às reuniões na Europa sem planos, sem política - numa palavra, um farsolas, um incompetente, um irresponsável, que obriga o seu Min. das Finanças a este deprimente papel, que vai a Bruxelas sem nenhuma linha política, sem nenhuma orientação, tudo da responsabilidade do Primeiro Ministro.

Como agora se sintetiza...: "Não há palavras!"

PPCoelho, pura e simplesmente, devia demitir-se. Esta é a prova provada de que é, sem dúvida nenhuma, um farsolas, um chefe de uma camarilha, de bandos.

É também a confirmação de que ao não terem assinado o PEC IV cometeram com toda a ligeireza um crime lesa-pátria.

Olimpico disse...

Carissimos compatriotas, eu bem tenho dito....«ESTAMOS FUDAIDOS»!!!!Esta REPRESENTAÇÃO do "Gigante e do anão" confirma mais uma mentira deste "GANG" e a maneira "AIROSA" para tentar saír dessa mentira. A representação d `outra "TROIKA" ( Ministro Finanças Alemão/ Ministro Finanças da n/ República/ TVI.). Mas eles sabem que as "TROMPETAS" ainda não são suficientemente ruidosas, e portanto, julgam eles poder continuar a mentir.... E podem...(?!)...« Alma minha gentil que te partiste...»


Isto ultrapassa todos os limites

Anónimo disse...

O Gasparzinho nem parecia aquele nosso conhecido que fala connosco sincopadamente, como quem fala para pessoas com incapacidades cognitivas graves. Perante o Ministro Alemão , todo ele era subserviência enjoativa. Haja dignidade já que não "não há dinheiro"( parece que foi esta a frase que o Álvaro não entendeu quando o Gasparzinho a pronunciou).

David Elias disse...

Pensei que nos bastidores os ministros portugueses falavam de igual para igual com os seus congéneres. Afinal põem-se de joelhos. Que vómito!

Anónimo disse...

Não vejo qual a surpresa, a única surpresa vem daqueles que protestam contra a difusão das imagens e nãda dizem quando todos os dias vemos violações à privacidade e dignidade das pessoas de menor estatuto social por parte dos jornalistas em especial do jornalismo televisivo. Bem vindos à Telecracia.

Pedro disse...

Nao deixa d m surpreender. A conversa era informal, sem dúvida. Mas falar em modo traiçoeiro em como foi captada? A câmara porventura estava colocada a 300m de distância? O conteúdo da conversa era de alguma forma privado? E os seus intervenientes falavam a título pessoal ou como detentores de cargos públicos?

Percebo que seja uma situação diferente do habitual mas a TVI tomou uma decisão baseada na relevância do conteúdo. A grande maioria dos OCS reproduziu-a (ou seja, teve o mesmo entendimento: de que, apesar das circunstâncias da conversa, o seu conteúdo justificava a sua divulgação).

Não confundam as coisas.

Anónimo disse...

Pergunta-se: A conversa trouxe algo de novo? Há algum problema no que foi dito? A soberania de portugal foi posta em causa? Já o que eu ouvi à noite na entrvista ao AJS na RTP 1 é confrangedor e falso. Disse AJS que o PM "devia explicações ao país pelo que tinha sido dito pelo Ministro das Finanças que não era a mesma coisa que o que afirmava PPC". Ora bem a conversa que se ouve é entre ministros de 2 países e nunca se ouve o nosso Ministro das finanças dizer ou pôr em causa o programa traçado. Falarem em subserviência, combinação, falta de visão realmente ou não entende bem o que foi dito ou então como no regime da socratice adora truques e trapaças.Enfim.

Luís V. disse...

Em resposta ao comentário do Pedro, a traição é muito simples - estava proibida a captação de áudio naquela sala, durante aquele período. Regra que todas as estações respeitaram, excepto a TVI.

É isto que informa o artigo no Wall Street Journal:

"German's Ministry of Finance had no comment because the remarks were private talks that weren't supposed to be broadcast with sound, a spokesman said."

A TVI tomou a decisão baseada nos critérios de sempre - vale tudo. As outras estações reproduziram o conteúdo porque partilham esse mesmo critério.

Pedro disse...

Luis V.

As regras de trabalho para os media no Edifício Justus Lipsius determinam que os microfones da câmara devem estar configurados para apanhar "som ambiente".

É claro que foi esse o caso neste episódio.

Dito isto, as mesmas regras determinam que, caso captem uma conversa, ela não deve ser divulgada.

No entanto, o compromisso dos jornalistas é, antes de mais, para com o seu público e, em última análise, toda e qualquer decisão é sempre tomada com respeito à relevância do conteúdo em causa.

Não disse (nem digo) que é uma decisão "de caras". É uma decisão que exige ponderação editorial. Mas não me parece que isto demonstre aquilo que apelida de "critérios de sempre - vale tudo". Face às circunstâncias, a TVI tomou uma decisão editorial, exposta a concordâncias e discordâncias. Agora, refugiar-se no forma para evitar discutir o conteúdo é conversa de assessor de imprensa. Porventura, o assessor de imprensa que faltará a Vítor Gaspar para lhe explicar que conversas daquela natureza não se têm na presença de jornalistas (se o objectivo é mantê-las em segredo).

A ideia de que os restantes OCS reproduziram porque partilham do mesmo critério "vale-tudo" é redutora. Financial Times? NY Times? Der Spiegel? Tudo no mesmo saco? Ah valente!

Luis V. disse...

Pedro, 

Em primeiro lugar folgo em saber que afinal concordas com o ponto iii) - a conversa foi de facto captada graças a uma distorção das regras que tão bem explicaste.

Em segundo lugar dizes que estou a meter os OCI todos no mesmo saco quando nunca referi os OCI - falei em estações, o que obviamente subentende as nossas estações televisivas, nacionais.

Mas é sobre os critérios editoriais em sí e ao compromisso dos jornalistas com o seu público que este nosso diálogo se está a encaminhar. Estás certo ao afirmar que, em última análise, toda e qualquer decisão é sempre tomada com respeito à relevância do conteúdo em causa. Esse é um princípio basilar na defesa da liberdade de informação. Mas certamente concordarás que tem de funcionar dentro dos limites deontológicos desta actividade.
Não é aceitável que os jornalistas do News Of The World promovam escutas ilegais para obter esse conteúdo relevante;
Não é aceitável que os jornalistas do Sun subornem funcionários públicos, polícias e militares para obter esse conteúdo relevante;
Não é aceitável que uma jornalista da TVI se constitua assistente num processo com o único objectivo de alimentar uma campanha de ataque pessoal;
Não é aceitável que um jornalista do Público se constitua assistente num processo com o único objectivo de alimentar uma campanha de ataque pessoal;
Não é aceitável que um jornalista da Sic Notícias faça da Assembleia da República um circo ao invocar gratuitamente a censura e claustrofobia democrática, com o único objectivo de alimentar uma campanha de ataque pessoal;
Concorde-se ou não com a relevância dos conteúdos ou com a justiça dos ataques pessoais, tem de haver o mínimo de respeito pelas pessoas, pelas instituições, e já agora pelos valores da própria profissão.

Conheço muitos jornalistas e obviamente não os meto todos no mesmo saco, mas não posso deixar de estar preocupado com aquilo em que esta actividade se tornou. Salvo raras excepções, vejo um jornalismo cada vez mais medíocre, cada vez mais parcial e cada vez mais orientado para o lucro fácil. E onde, cada vez mais, vale tudo para atingir os fins.

Será que sou eu que sou demasiado exigente, Pedro?

Pedro disse...

Caro Luis,

Em primeiro lugar, tenho de discordar de si na primeira conclusão que tira. Não acho que a conversa tenha sido captada de forma traiçoeira: a câmara estava visível para os dois intervenientes e o áudio foi captado recorrendo ao microfone cuja utilização é autorizada naquele espaço. O que não é permitida é a divulgação de qualquer conversa e essa é a parte em que argumento que há uma ponderação editorial a ser feita (e que, a meu ver, o foi) a posteriori.

Segundo: mesmo que o seu comentário não se estendesse aos OCS de uma forma geral, ainda assim parece-me uma generalização injusta porque, e olhando para a reacção da SIC e da RTP (ambas incluíram o vídeo nos seus noticiários do dia), penso que foi tomada, acima de tudo, pelo valor noticioso da conversa Gaspar / Schäuble.

Terceiro (já pareço o Paulo Portas): todos os exemplos que dá remetem, de facto, para más práticas no exercício da profissão. No entanto, não a resumem nem ilustram, de forma alguma, o que se passou neste caso. Aqui não houve escuta ilegal, não houve suborno de ninguém, o jornalista não se constituiu assistente do que quer que seja nem foi para a AR fazer qualquer tipo de figura. Todas as práticas que refere merecem a mais profunda reflexão de quem anda no meio mas, a meu ver, não invalidam a decisão editorial tomada pela TVI neste caso.

Num último apontamento, uma dúvida: quando, no ponto 4, se refere ao modo irresponsável como o seu conteúdo é usado, só posso concluir que estará a falar do aproveitamento político do caso. A ponderação das consequências economico-financeiras não pode ser uma limitação à divulgação de informação relevante para o público. Por exemplo, um jornalista grego que saiba que o país está na iminência de declarar bancarrota não vai divulgar à primeira oportunidade porque isso pode provocar uma corrida aos bancos? Fica a dúvida.

Cumprimentos,