terça-feira, março 13, 2012

Arrasar e fazer de novo

João Pinto e Castro, Arrasar e fazer de novo:
    'Uma corrente hoje dominante entre os economistas sustenta, na esteira de Landes e Ferguson, que as diferenças de desenvolvimento entre países se explicam principalmente pelas suas culturas e pelas instituições que as corporizam – o que equivale, afinal, a reconhecer que, na sua essência, o desenvolvimento económico não é um fenómeno económico. Ninguém pode seriamente negar a importância desses factores, mas, como Armesto mostra, também eles exigem uma explicação. Há, de facto, suficiente evidência histórica para nos levar a pensar que as instituições são tanto causa como resultado desse mesmo desenvolvimento: por exemplo, a investigação científica é tanto motor do crescimento quanto resultado dele.

    Não se pode, além disso, pretender que existe um conjunto bem definido de instituições e traços culturais ideais que todos deveremos obrigatoriamente copiar, dado que as mesmíssimas instituições se revelam excelentes em certos contextos e péssimas noutros. Se a população da Holanda trocasse connosco de lugar, ambos os povos teriam por força que rever em profundidade e com a máxima urgência as suas respectivas atitudes. É, por isso, absurda a ideia em voga de que nos desenvolveremos copiando as instituições da Irlanda, da Finlândia, da Coreia do Sul ou de qualquer outro país.

    As instituições alheias não se macaqueiam: adoptam-se sob condição e depois adaptam-se por tentativa e erro. A ilusão de que pode ser vantajoso arrasar periodicamente o que existe para recomeçar do zero é, precisamente, uma característica distintiva de sociedades frágeis, que carecem de uma forte cultura partilhada e de instituições resistentes às contrariedades – por outras palavras, é um traço característico de sociedades subdesenvolvidas.'

1 comentário :

Anónimo disse...

Confesso que não entendi: primeiro, relativiza-se a explicação «institucional» e, depois, faz-se a crítica de uma «sociedade subdesenvolvida» (como a nossa?) por ser «frágil», sem «cultura partilhada» nem «instituições resistentes às contrariedades? Nem sequer se entende que conceito de instituição é utilizado...