sexta-feira, março 02, 2012

A recessão segundo Gaspar: em Julho, -1,7%; em Agosto, -1,8%; em Outubro, -2,8%; em Novembro, -3%; e, agora, em Fevereiro, -3,3%

Pedro Silva Pereira, O equívoco:
    ‘A atitude do Governo revela um perigoso equívoco sobre o que significa ter sucesso na execução do Memorando. É que uma coisa são as metas de referência, que é necessário cumprir; outra coisa é o objectivo central que se visa alcançar. A redução do défice é uma meta de referência importante, que tem de ser cumprida. Mas o objectivo fundamental do Programa é outro: o regresso de Portugal aos mercados, em Setembro de 2013.

    Acontece que o regresso aos mercados não depende só da redução do défice. Depende, sobretudo, da confiança dos mercados na capacidade de crescimento da economia portuguesa, em termos que permitam gerar a riqueza suficiente para honrar os seus compromissos. É por isso que foi um erro a austeridade "além da troika", precipitadamente decidida quando já se desenhava um abrandamento da economia europeia e assente num conjunto de medidas adicionais fortemente recessivas, em muitos casos comprovadamente desnecessárias. E só não vê quem não quer: uma recessão agravada, para além de ameaçar as metas do défice, é o caminho mais directo para o fracasso no objectivo de conquistar confiança e conseguir o regresso aos mercados no próximo ano. Nestas condições, a euforia do Governo é simplesmente grotesca.

    Menos eufórica foi a reacção dos mercados. Decorriam ainda as festividades comemorativas da avaliação da "troika" e já os juros da dívida soberana portuguesa subiam de novo nos mercados financeiros (num movimento apenas acompanhado pelos juros da Grécia), atingindo os 13,8% no prazo a 10 anos e os 16,6% no prazo a 5 anos. A tal ponto que o BCE se viu forçado a intervir mais uma vez no mercado secundário, adquirindo títulos de dívida portuguesa.

    É certo, numa altura em que os mercados dão sinais de ter percebido que uma austeridade destrutiva da economia não pode inspirar confiança, seria difícil não reparar que o Ministro das Finanças, em apenas oito meses de Governo, cometeu a proeza de apresentar cinco (!) previsões diferentes para o crescimento da economia portuguesa em 2012. E cada uma pior do que a outra: em Julho previa uma recessão de -1,7%; em Agosto de -1,8%; em Outubro de -2,8%; em Novembro de -3% e agora, em Fevereiro, chegou aos -3,3%. Entre a primeira e última destas previsões a diferença já vai em 1,6 p.p. do PIB (!), ou seja, a recessão deste ano vai ser o dobro da inicialmente prevista pelo ministro das Finanças!

    Ao contrário do que pretende o Governo, uma evolução tão negativa ultrapassa em muito os efeitos do abrandamento da economia europeia. O próprio INE explicou que a recessão de -2,7% registada no 4º trimestre de 2011 se ficou a dever não à Procura Externa Líquida, que até aumentou em resultado da "acentuada diminuição das importações", mas sim ao "significativo agravamento do contributo negativo da Procura Interna". Não vai ser fácil o Governo convencer alguém de que a sua austeridade "além da troika" não tem nada a ver com isto.’

4 comentários :

Anónimo disse...

Frases célebres (...) de Pedro Passos Coelho...

1- "Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução."

2- "Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa."

3- "Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias."

4- "Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou."

5- "Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas."

6- "O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa."

7-"Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos."

8- "Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos."

9- "Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos."


10- "Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado."

11- "Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal."

12- "O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando."

13- "Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa."

14-"Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas."

15-"Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."

16- "A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento."

17- "A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos."

18- "Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota"

19- "O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento."

20- "Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate."

21- "Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?"


Conta de Twitter de Passos Coelho (@passoscoelho), iniciada a 6 de Março de 2010.

Os tuites aqui transcritos foram publicados entre Março de 2010 e Junho de 2011


O Coelho é Fixe

Anónimo disse...

Equivoco foi este "clone" e a trupe socrática que tivemos de aturar. O ideólogo desta gentinha o prémio nobel krugman já disse alto e bom som "que não faria melhor do que aquilo que o Governo de Portugal está a fazer", curioso antes era tão citado até por aqui agora deve ter passado a ser "persona non grata" da socratice pelas afirmações que fez portanto ler artigos da treta deste "clone" é pura perca de tempo

Anónimo disse...

De facto não é possivel recuperar seja que economia for com o mercado interno em destroços. Este governo conseguiu a proeza de destruir em apenas 7 meses um mercado interno que vinha a crescer desde o 25 abril.
Levaremos bem mais do que duas décadas para recuperar do desastre em que estas criaturas transformaram Portugal.Já que se fala tanto de responsabilização daqueles que tanto mal fizeram e fazem ao país, espero que o povo, na altura certa, não se esqueça de quem deve estar á cabeça dessa lista.

André disse...

@ Anónimo Sex Mar 02, 03:02:00 PM


Deixe-se dessas manipulações grosseiras daquilo que o homem disse que essa conversa de vendilhão de feira aqui não engana ninguem! Talvez se safe no Forte Apache!?

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Krugman: "Insistir em mais austeridade é destrutivo"

Paul Krugman afirmou hoje que os países da periferia têm de levar a cabo alguma austeridade para ganhar credibilidade junto dos credores. Mas lançou o alerta: ir para além do que já foi feito, e responder a desvios orçamentais com reforço de austeridade poderá ser "destrutivo".

"Não há alternativa a pelo menos alguma austeridade", afirmou o Nobel da Economia de 2008. "O papel da austeridade", explicou, é de "dar um sinal aos credores que o dinheiro que está a ser emprestado não é usado para 'dar festas'".

Isto porque, em termos "substantivos", a austeridade pode até não ter um efeito muito grande. Cortes de despesa profundos podem reduzir a actividade económica, arrastando consigo os impostos, a um ponto tal que o rácio défice/PIB acabe mesmo por ficar em pior estado.

"É difícil aos Governos da periferia lutarem contra esta pressão (de responder com mais austeridade a derrapagens), mas esse argumento deve ser levado aos credores. Eles (credores) não estão a ajudar", afirmou.

E deu como exemplo o caso dos médicos medievais que "sangravam os doentes e quando eles ficavam piores, faziam-nos sangrar ainda mais". "Mais pedidos de austeridade", conclui assim, "são destrutivos".

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=540855