domingo, abril 15, 2012

Da suspensão da democracia [1]

Fernando Madrinha, NÃO HÁ DESCULPAS? [ontem no Expresso]:
    ‘(…) O Governo tem motivos para agradecer todos os dias a paciência dos portugueses e a paz social que ainda subsiste. Não se percebe que, pelo contrário, todas as semanas acrescente evitáveis motivos de crispação e azedume, não já pelas decisões tomadas, mas pelo modo traiçoeiro e dissimulado como as executa ou anuncia. O diploma sigiloso que cancelou até 2014 as reformas antecipadas, conjugado com a demora nas explicações — a primeira surgiu já tarde e no estrangeiro —,é mais uma dessas situações que se traduzem em autênticas machadadas na confiança dos cidadãos.

    De um líder político que, na oposição, se apressou a pedir desculpas “por estar a fazer aquilo que disse que não gostaria de fazer”, ao dar o seu apoio a uni dos programas de austeridade do Governo anterior, esperava-se outra atitude e outra sensibilidade política (…).

    Só muito excecionalmente o interesse nacional pode ser invocado para justificar a ocultação de uma medida desta natureza aprovada e promulgada às escondidas. Trata-se de um método de governo inaceitável porque o interesse nacional é um conceito vago e discutível que pode ser alegado sob muitos pretextos. Além disso, o interesse nacional não justifica nem desculpa que, no próprio dia em que o diploma veio a público, ninguém tenha dado a cara para o fundamentar e fosse preciso esperar vários dias até que o primeiro-ministro falasse de Maputo e quase uma semana para se ouvir o ministro da Segurança Social.

    O regime em que vivemos por agora exige mais dos governantes do que o mero cumprimento de formalidades e normas legais. Fugir ao respeito e à consideração devidos aos cidadãos, onde se inclui a pronta explicação de decisões políticas tão severas para os seus destinatários, equivale a suspender as melhores práticas em democracia, se não a própria democracia. Uma ideia alvitrada em tempos pela antecessora de Passos Coelho, mas que não consta, pelo que se sabe, nem do programa de Governo, nem do memorando da troika, nem do mandato do Presidente.’

2 comentários :

Anónimo disse...

E isto já não vai lá com a desculpa de que o governo têm dificuldades de comunicação. Este desgoverno não têm nenhuma falta de habilidade na comunicação com os cidadãos. O que este governo têm é uma valente falta de honestidade e consideração para com aqueles que os elegeram, disso não haja a menor dúvida.

Anónimo disse...

Gostava de saber o que tem a dizer a isto essa figura patética e ridícula que representa, devia representar, a mais alta figura da nossa Republica.