quinta-feira, agosto 09, 2012

Da escola à alta competição

• Rui Pereira, Portugal olímpico:
    ‘Em termos políticos, o que se tem tornado mais visível nos últimos Jogos, com Londres a confirmar o que já entrevíramos em Pequim, é a tendência para a subida dos BRICS – em especial, da China – no ranking das medalhas, por troca com alguns países do antigo bloco de Leste. O crescimento económico revela-se uma chave para o sucesso desportivo. A confirmar-se esta tendência, Brasil, África do Sul e Índia converter-se-ão, num futuro próximo, em grandes potências olímpicas e a Rússia deverá recuperar algum do terreno perdido desde a queda do muro.

    E Portugal? Estreámo-nos, em 1924, com uma medalha na equitação e picámos o ponto na esgrima, na vela, no tiro e, mais recentemente, no judo, no triatlo e no ciclismo. O nosso ponto forte já foi o atletismo, em que atingimos o ouro por quatro vezes, graças a alguns atletas e treinadores de excepção. De Londres chegam na melhor hora os brilhantes resultados na canoagem. Mas, no fim, o mais importante será aproveitar os Jogos Olímpicos para compreender o que tem corrido melhor e o que tem falhado no nosso desporto, desde a escola até à alta competição.’

2 comentários :

Anónimo disse...

Concordo com a correlação entre investimento financeiro e sucesso desportivo. Contudo, não concordo com a importância que é dada aos tais de BRICS no plano desportivo. É que, ao contrário da China, não me parece que o Brasil, a Índia e a África do Sul sejam potências desportivas, ora compare-se (ouro/prata/bronze/total):


China (CHN) 36 23 19 78

Great Britain (GBR) 24 13 14 51

United States (USA) 35 23 25 83

Russia (RUS) 11 21 23 55

South Africa (RSA) 3 1 1 5

Brazil (BRA) 2 1 7 10

India (IND) 0 1 3 4


Poderá prever-se um aumento notório da competitividade do Brasil - como sucedeu, entre outros, com a Coreia do Sul e a Espanha quando organizaram olimpíadas -, mas nada que o coloque a par da Rússia, Alemanha, EUA, Reino Unido ou China. Entre a África do Sul, o Brasil ou a Índia somam-se apenas 19 medalhas nas 3 categorias. Muito pouco, visto que só a China tem isso em medalhas de bronze ou a Itália que, no total, tem 18 medalhas. Uma ex-potência emergente (como li na imprensa económica), a Coreia do Sul, tem um total de 25 medalhas.
Quanto ao Leste da Europa, não sei se é declínio ou se é mesmo o efeito "ex-URSS", isto é, se se somasse todos os Estados que foram parte da União Soviética como um só, se chegaria a números do "antigamente".


P.S. - Não tenho dúvidas de que há doping a medalhar muita gente dessas ditas potências, sejam dos EUA ou da China. Ou isso ou formatar crianças para serem atletas, como na ginástica russa ou chinesa.

Zé Bonito disse...

Generalize-se a prática desportiva como atividade lúdica e não apenas como forma de ganhar medalhas. Quando o desporto for assim encarado e, consequentemente, a cultura desportiva dos cidadãos aumentar, as medalhas aparecem naturalmente.