segunda-feira, agosto 27, 2012

O plágio do orangotango

Estudo mostra que orangotango é mais preguiçoso que bicho preguiça

• Pedro Adão e Silva, O PLÁGIO DO ORANGOTANGO [na última edição do Expresso]:
    ‘Quando estava na oposição, o CDS apontou todas as baterias ao rendimento mínimo. Tratava-se de um subsídio à preguiça e uma prestação que alimentava vícios, era-nos dito. Uma vez no Governo, logo se apressou a reformar a medida, garantindo que o novo regime ia garantir a reinserção social dos beneficiários. Ora, o que é que o Governo anunciou? No essencial, que os beneficiários eram obrigados a aceitar trabalho ou formação profissional, um aspecto que faz parte do código genético da medida tal como existe desde 1996.

    Em 2005, quando se iniciou o plano que levou ao encerramento de escolas com poucos alunos, o PSD não se inibiu de criticar com veemência a iniciativa. Uma vez chegado ao Governo, Nuno Crato, enquanto, de facto, avalizava o fecho de mais duas centenas de escolas, não se coibia de distinguir este processo dos anteriores. Nas palavras do próprio, “há encerramentos de escolas e encerramentos de escolas”. Como se vê, uma mudança profunda.

    O anterior Governo atribuiu uma remuneração às centrais eléctricas por estarem disponíveis em permanência para produzir energia. A opção foi muito criticada e oferecida como exemplo das rendas excessivas no sector das energias, vulgo regabofe. Álvaro Santos Pereira, uma vez ministro, apressou-se a aprovar uma portaria a revogar os incentivos. Passados três meses, o mesmo ministro aprovou uma nova portaria, desta feita recriando os incentivos.

    Em “A Rebelião das Massas”, o filósofo Ortega y Gasset defendia que o que distingue o homem do animal é a capacidade de memória. Neste sentido escreveu que “romper a continuidade com o passado é querer começar de novo, é aspirar a descer e plagiar o orangotango.” A falta de memória que caracteriza as políticas portuguesas combinada com a vontade de começar tudo de novo, é não só uma forma de plagiar o Orangotango como ajuda a compreender a falência das nossas políticas.’

2 comentários :

james disse...

Tudo o que Pedro Adão e Silva escreve é verdade.

No entanto, também é verdade que quando o PS chegar ao Governo, muitas das medidas que agora são criticadas, também serão "continuadas" ou recuperadas por este parido (o que Seguro disse sobre a RTP este fim-de-semana não conta).

Relembro, entre outras, o sinistro SIADAP criado por Susana Toscano e tutelado pela Dr.ª Manuela, sistema a que Sócrates apenas deu apenas umas pinceladas, via João Figueiredo e Bilhim e que, na essência, se manteve exatamente igual à formulação com que foi concebido e parido.

Assim não chegámos lá.

james disse...

Errata:
"ou recuperadas por este partido"