• Teresa de Sousa, Aprendiz de feiticeiro? [hoje no Público]:
- ‘Na quinta-feira, na RTP, o que estava em causa era saber se Passos Coelho era o que os seus detractores o acusavam de ser - impreparado e frágil - ou tinha, afinal, a dimensão política suficiente para retomar o controlo da situação e tentar restituir confiança aos portugueses. Falhou o teste. Pôs em evidência duas coisas perigosas. A primeira, a sua impreparação para liderar um país em crise. (…) O único argumento político que usou foi o do medo. A segunda, uma obsessão ideológica por receitas económicas que já tiveram melhores dias, que são em parte responsáveis pelo caminho que nos levou à crise financeira mundial e que impossibilitam qualquer negociação política e social.
Muita gente já disse que PPC fez tudo mal na gestão dos acontecimentos. Foi isso que gerou uma onda de indignação nacional. Poderia ter dito na entrevista que percebera a mensagem. Que defendia as soluções previstas para o seu Orçamento, que negociou com a troika, mas que estava aberto a discuti-las, uma por uma, com o PS, com os sindicatos e com os patrões. E, sobretudo, podia tentar explicar aos portugueses algumas coisas que eles esperam ouvir. Por exemplo, que o seu Governo deixou descarrilar o défice de 2012 (mesmo com o corte de dois subsídios da Função Pública e um aumento brutal dos impostos) porque as previsões de arrecadação das receitas saíram erradas e porque não conseguiram ir tão longe quanto teria sido necessário no corte das despesas pública, na reforma do Estado ou na redução das rendas dos grandes monopólios e dos grandes interesses. Não fez nada disto. Antes, elaborou a teoria mais ofensiva para a inteligência dos portugueses sobre os sacrifícios que estão a fazer: o Governo cumpriu, as pessoas é que não "cumpriram" quando reduziram demasiado o seu consumo. O que pensará um português que ouviu o primeiro-ministro dizer-lhe todos os dias que andava a consumir mais do que devia e do que tinha e que lhe retirou rendimento, quando agora lhe vêm dizer que a sua excessiva poupança é responsável pelos erros das contas de Vítor Gaspar? (…)’
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