• Vasco Pulido Valente, Um governo virado do avesso [hoje no Público]:
- ‘(...) Pouco a pouco, acabou por se armar uma querela entre o ministro das Finanças e o presidente de um dos partidos da coligação, o CDS. Ora o CDS, em que os portugueses votaram, não tem de andar em guerra com um funcionário do Estado, que ele próprio em parte nomeou. O sr. Vítor Gaspar não passa de um particular sem espécie de mandato (…).
Num regime normal, caberia ao primeiro-ministro reconduzir o sr. ministro das Finanças ao cumprimento dos seus deveres. Só que (…) o primeiro-ministro tomou partido pelo sr. Gaspar contra o CDS. E essas notícias são confirmadas por actos públicos do primeiro-ministro e do sr. Gaspar. O primeiro-ministro, por exemplo, não hesita em vexar o seu parceiro de coligação com risotas na Assembleia da República, ou em o diminuir e pôr de lado em questões cruciais como o orçamento. Isto é nem mais nem menos do que convidar o desastre para o governo e para toda a gente. Que ele não perceba isto já de si angustia qualquer cidadão com cabeça. Mas, pior ainda, começa a empurrar o país para um caos larvar, de que será difícil sair.
Até o fracasso, agora óbvio, do governo, resulta da proeminência injustificável e nociva que se concedeu ao sr. ministro das Finanças, que veio do estrangeiro, que durante anos trabalhou para a "Europa", que vê as coisas do ponto de vista da "Europa" e que mal conhece a sociedade portuguesa e os mecanismos materiais da República. É por isso que a despesa não desce. A reforma administrativa (entregue absurdamente ao sr. Relvas) manifestamente abortou. (…)’
4 comentários :
Ora aqui está um comentário lúcido do VPV o que, para mim, é uma surpresa.
Gaspar é funcionário do BCE e o BCE é o nosso principal credor. Gaspar sabe que, quando acabar esta comissão de serviço, tem que regressar ao seu posto. Por isso não está interessado em renegociar melhores condiçoes (prazos, juros, perdões parciais, etc.)para nós, sob pena de ficar mal colocado perante os patrões. Acontece um pouco como aconteceu com o Ferreira do Amaral, quando era ministro de Cavaco, que negociou condições desastrosas para o Estado na Lusoponte, pois sabia que, daí a poucos meses, já estaria do outro lado a usufruir de um contrato leonino que prejudica fortemente os contribuintes por vários decénios.
Não gosto do escriba em questão mas o pormenor do " sr Relvas" é delicioso .
Nunca achei piada a VPV.
É daquela geração que sempre detestei: António Reis, António Bareto, Filomena Mónica e & Cia.
Acho este texto pobre.
António Lobo Xavier, um perú emproado do CDS foi muito mais inteligente, ontem, quando disse que o primeiro ministro se tinha deixado colonizar pelo pensamento de Gaspar. Prefiro este tipo de retórica à de VPV.
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