• Fernanda Palma, O mito da culpa:
- ‘A insistência na ideia de culpa como causa do crime não produz nada de positivo. A culpa só pode ser vivida depois do crime e resolve-se pelo distanciamento e pela rejeição desse crime. A restrição de direitos que atinge o povo português parece-se com uma pena retributiva que não serve para encontrar um caminho de libertação do sofrimento e da falta de esperança.
Como notou François Hollande, a sociedade portuguesa parece, na verdade, estar a cumprir uma pena retributiva. É necessário que se liberte, definitivamente, da associação dos problemas económicos a uma ideia de culpa e abandone a "economia do castigo", para se converter numa economia de conjunção de esforços, de recuperação e de reintegração.
A colónia penal em que nos querem colocar está em colapso profundo. A nossa culpa, tal como a culpa penal, carrega um mito que inverte as raízes do mal. A culpa que nos querem atribuir não é mais do que um desfasamento entre as metas culturais europeias e as condições institucionais de países enfraquecidos pela própria política europeia. O resto é o mito.’
2 comentários :
Concordo com esta visão.
A culpa, escalpelizada por Eduardo Correia, Cavaleiro Ferreira, Figueiredo Dias e etc, é uma construção difícil de "engolir".
O julgador, eivado de subjectividade, ainda por cima a gradua.
Não basta o dolo e a responsabilidade objectiva para aferir se o agente entrou no domínio da ilicitude?
Europa do Sul: "Arquipélago de Gulag II".
Longa vidinha a Gaspar, o nosso Cidadão-chefe!
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