sábado, outubro 20, 2012

O OE-2013 e o estertor do Governo [1]


    ‘O Orçamento do Estado viola as leis da Física e é da ordem da magia. Pode dizer no intróito que quer ir mais depressa do que a velocidade da luz. Dizer pode, ir não pode.’
      Pacheco Pereira, hoje no Público

5 comentários :

Mário disse...

Meu caro Miguel Abrantes

Podemos estar em presença de uma farsa gigantesca cozinhada pela Troika e pelo governo de Passos-Gaspar-Portas. E Cavaco como padrinho desde o primeiro instante. A ser verdade, será uma traição à pátria.
Estranho, muito, tanta unanimidade e animosidade dos últimos tempos contra esta governação e agora conta o OE. Deu-me para desconfiar.
Eis o que penso e me deixa estarrecido.
A Troika queria apresentar-nos como o modelo económico exacto e bem sucedido para sair da crise iniciada em 2007/2008. Este governo não só alinhou, empolgado, como quis fazer prova do modelo ainda mais rapidamente que o previsto. Perante o fracasso completo do modelo, primeiro na Grécia e depois em Portugal, apesar do muito "bom aluno" que foi (no fundo, o caso grego não valia porque eles eram uns aldrabões), a Troika quer livrar-se do "caso português" sem perder a face. Para tal, em conluio com o governo Passos-Gaspar-Portas-Cavaco decide abandonar o "projecto", atirando para cima da mesa um OE de loucos, previamente cozinhado e revelado em Bruxelas e com a Troika da V avaliação.
O juizes dizem que é inconstitucional, os cavaquistas dizem que é marado, a oposição diz que vota contra e o Paulo Portas cria uma crise no governo, a ver se escapa de ver-se associado à traição.
Em resumo: vamos ter um OE recusado, elaborado expressa e conscientemente para ser recusado. Em vez do reconhecimento do falhanço completo da receita da Troika e da traição de Passos-Gaspar-Portas-Cavaco vamos assistir à tentativa da responsabilização da Constituição e do irresponsável povo português (que não se deixa governar!) pelo desastre que aí vem.
Oxalá eu esteja completamente enganado.

Anónimo disse...

Frases célebres (...) de Pedro Passos Coelho...

"Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução."


Prisão com o aldrabão


Vigaro

Rosa disse...



A hipótese adiantada pelo Mário é arrepiante mas faz muito sentido...
Eu chamaria a isto um plano maquiavélico...mas ao assistirmos a todo este rol de acontecimentos já nada será de estranhar...ainda mais com "este elenco governativo"...
Mais intrigante, ainda, será vislumbrar como tudo isto irá acabar...

Fernando Romano disse...

Reparemos na hipocrisia de alguns comentadores e analistas, alguns deles muito ledores, cultos e conhecedores da nossa História, que agora quase nos empolgam pela exacerbada frontalidade contra este governo, sem nos alimentarem porém de qualquer esperança realista, e que no passado recente se comportaram de forma estrondosamente demagógica, sustentando-se em mentiras. É que alguns desses "sábios" na análise política, nunca começaram pelo princípio para explicar a situação em que nos encontramos: pelas causas exógenas. Para eles tudo se resumia a um governante:José Sócrates! É o caso do nosso esclarecido José Pacheco Pereira, que diz coisas muito acertadas, todavia sempre fora de tempo, e defende soluções sempre erradas.

Fica um modesto cidadão parvo ao ouvi-los e lê-los, e quanto mais os ouvimos e lemos, mais convencidos ficamos de que nos querem adormecer relativamente ao passado. E até são diplomados nessas matérias. E sem esclarecer esse passado recente, não atinaremos no caminho.

E ficamos boqueabertos quando as suas propostas muito respeitosas incluem o maior representante de nós todos, para salvação nacional (PR), principal responsável por toda esta desgraça.. É que eles laboraram muito activamente para nos presentearem, não só com este governo de vendilhões da pátria, como também nos amputarem de uma oposição partidária responsável e obreira a favor do povo. Foi só isto que eles ajudaram a construir...

É o que eu digo! Hoje parecem sereias a toldar-nos o entendimento das nossas coisas... e eu não vou muito em sereias, olho as coisas de frente, sem tibiezas, especialmente quando se topa facilmente que querem uma governação onde lhes assegurem um lugar à mesa da puridade ou de dapíferos de uma qualquer corte, sem se importarem com a sua natureza. Só pela cagança e roncar.

Sabem, sabem muito, mas não se livram de terem travado uma desavergonhada e trágica batalha: a batalha contra Sócrates. Foi contra um Primeiro Ministro eleito pelo povo, um excelente Primeiro Ministro. Foram sábios como estes que lançaram as sementes da tragédia de 1578/1580; a que vivemos hoje, nas suas consequências, é parecida com aquela: abandono do povo,entrega da governação a traidores e perda de independência. É só atentar os resultados esplendorosos que estes senhores construíram... E eu não lhes perdou, porque convimos que as elites (no caso as intelectuais)fossem mais responsáveis e esclarecidas e não nos lembrassem a primeira em que poetas escreviam versos a Cristóvão de Moura a pedir-lhes pão (Diogo Bernardes).

"Dói-me ó bom Cristóvao, por que saia

do pego onde caí por não ter guia"

(........)

"Descuido ou maior falta ainda seria

faltar-me em régia casa pão e pano"

(........)

"Ou seja em baixo vale ou seja em monte,

em rio, em campo, em casa ou em floresta,

sempre acharei de vós que cante e conte"


Eu gosto muito de ouvir e de ler José Pacheco Pereira. Gosto sim senhor. Só que tenho uma memória ainda de elefante, e faço-o sempre com uma bem fundada desconfiança...

Simples espectador disse...



Não me parece que o Mário tenha razão, embora seja uma hipótese brilhantemente construída.

A "máfia" relvista-passista não tem estofo para tanta complexidade e a "troika", ao contrário do que se pretende fazer crer à maralha, não passa de um bando de canalhas cobardes e ignorantes, sobretudo sobre a realidade portuguesa: uma espécie de veterinários a quererem tratar um aperto mitral. Só pensam no seu guito e não fazem ideia de mais nada de nada.

O que se passa é que Gaspar é teimoso que nem um asno, Coelho um louco inconsciente, Relvas um facínora sem qualquer freio e Cavaco um inerte baboso. Junte-se a isto um Seguro com "motor a um tempo" (morto) e uma extrema-esquerda ignara mas afiada, mais uma opinião pública bovinizada pela comunicação social de massas e temos o caldo de cultura que permite o risco, calculado, de tudo por tudo neste desgraçado OE 2013: sem travões, nem pneus, vamos meter uma primeira a ferros e rezar.


Pode ser que o bólide se equilibre sózinho e volte a endireitar-se na pista. É a esperança de um piloto incapaz, louco e imaturamente temerário.


Quando espatifar tudo de vez, lodo se verá: se saír com vida, pede desculpa aos patrocinadores e vai à sua vida. Pensa ele, claro. O pior é se sai do habitáculo com os miolos em papa, como o Ayrton...