quinta-feira, outubro 11, 2012

Ruptura social à vista

• João Ferreira do Amaral, Ruptura social à vista [hoje no Público]:
    'Para reduzir a procura interna, o Governo tem seguido o caminho de reduzir o rendimento disponível, quer através do aumento de impostos, quer através da redução directa de rendimentos de funcionários públicos e pensionistas, quer ainda através da redução das prestações sociais. Por isso, as consequências de uma redução drástica e rápida do défice externo são uma forte recessão, uma quebra muito grande do rendimento disponível e um aumento muito pronunciado do desemprego. Sendo assim, é óbvio que não fica margem para se reduzir significativamente o défice das finanças públicas. Com efeito, a quebra de rendimentos reduz significativamente a capacidade do Estado cobrar impostos e o aumento do desemprego leva a um aumento grande das despesas de apoio social aos desempregados. Esta conflitualidade entre objectivos tem sido muito visível em 2012. A redução rápida do défice externo ocorrida este ano provocou uma recessão profunda, um grande aumento do desemprego e não foi além de uma redução modestíssima do défice público.

    A receita parece ser a mesma para 2013. Tentando o impossível, o orçamento para o próximo ano irá impor um brutal aumento da carga fiscal que vai ter profundos efeitos recessivos através da redução do rendimento disponível e que, quase certamente, não vai permitir cumprir o objectivo de redução do défice público para 4,5% do PIB. Esta teimosia em tentar atingir os dois objectivos através de um tratamento de choque de empobrecimento generalizado está a custar muito caro ao país e vai custar muito mais ainda em 2013. Por aquilo que, neste momento, se conhece das linhas do orçamento para o próximo ano, não é difícil prever que a redução da actividade económica será superior à recessão indicada pelo Governo e o aumento do desemprego será ele também, com certeza, maior.'

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