2012

• António Correia de Campos, Saudades de 2012, augúrios para 2013 [hoje no Público]:

‘(…) despeço-me de 2012 sem saudades nenhumas da vigarice continuada e escandalosa do BPN, mesmo depois de confirmados os nomes dos caloteiros e a sua proximidade ao PSD e, infelizmente no passado, ao doutor Cavaco Silva. Sem saudades e com uma ponta de rancor, abrigado a um canto do coração, de ter que ser também eu a pagar o esbulho. Não tenho saudades da ressuscitação do dr. Relvas, saído de reclusão civil temporária, apoiado por uma cuidada operação de marketing. Não tenho saudades da operação de desmantelamento e desprestígio da RTP, em doses homeopáticas, que a tornem vulnerável a uma estranha privatização para desconhecidos com sede em parte incerta. Não tenho saudades da continuada degradação do ambiente judicial, pelo excesso de protagonismo de alguns ou algumas e pela violação contumaz do segredo de justiça durante a fase de investigação criminal. Não me deixa saudades a venda de empresas estratégicas como a EDP, a REN, e a alienação temporária por 50 anos, uma vida, dos aeroportos nacionais. Saudades não me vão deixar as manigâncias mais uma vez repetidas para fazer de contas que se cumpre o défice, com mais uma venda, a da ANA. Menos ainda recordarei o que deve ser rapidamente esquecido, como os discursos pseudocarinhosos do primeiro-ministro e as confidências do Pedro. E francamente não entendo como possam deixar saudades o aumento do desemprego e o agravamento de todos os indicadores económicos relativos ao défice, à dívida, ao investimento e ao crescimento.’