sexta-feira, dezembro 28, 2012

“Sobra a Passos Coelho um discurso ‘new age' de auto-ajuda”

• Hugo Mendes, Último Natal:
    ‘(…) nem tudo é incompetência. Quando um PM escreve (no Facebook) que os cidadãos devem olhar com "orgulho" para os sacrifícios expressa uma visão moral. A mensagem não é que os sacrifícios devem ser reduzidos ou as pessoas deles protegidos - nem que eles são uma inevitabilidade do ajustamento. Não: os sacrifícios são vistos como objeto de orgulho. Que orgulho devem sentir os desempregados, os que viram o seu rendimento brutalmente reduzido, ou os que perderam a casa por incumprimento do empréstimo? O orgulho de, no fim da purga moral, vencerem os seus vícios? Fica claro que, se vivemos uma "guerra" (Passos Coelho dixit), os inimigos somos nós próprios.

    (…) É por isso que não ouvimos na mensagem de Natal que o PM tudo fará, quando 2013 se revelar pior do que as previsões, para proteger as famílias de medidas que agravem a situação económica. Não ouvimos porque Passos Coelho partilha com Merkel a narrativa da crise. A mensagem de Natal torna clara a ausência de vontade para defender o País: sem vontade não há exercício de poder negocial, e sem poder negocial o que sobra a Passos Coelho é um discurso ‘new age' de auto-ajuda: "uma das condições para sermos vitoriosos (...) é acreditarmos em nós próprios", ao melhor estilo de um ‘best-seller' de hipermercado.’

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