sábado, janeiro 12, 2013

“O desaparecimento do Estado social não significaria o fim da despesa social, mas apenas um regresso aos seus antecessores, a caridade e as políticas centradas no combate à pobreza extrema”

• Pedro Adão e Silva, ESTADO SOCIAL, UM OBITUÁRIO [hoje no Expresso]:
    ‘A sua morte provocou reações em todos os sectores da sociedade portuguesa. Em comunicação ao país, o Presidente sublinhou o seu empenho pessoal no desenvolvimento do Estado social, tendo ainda aproveitado para se declarar um neokeynesiano. O primeiro-ministro, do que se percebeu, afirmou que estava a governar para libertar a sociedade do Estado e que o Vítor tinha feito umas contas, alavancadas pelo FMI, que confirmavam a inconstitucionalidade do sistema. O terceiro declarou com voz pesarosa que era um democrata-cristão e que uma morte destas, com o CDS no Governo, não se voltaria a repetir. O líder do PS, com grande responsabilidade, reiterou que sempre tinha afirmado que quando chegasse ao Governo promoveria a ressurreição do Estado social. PCP e BE convergiram, sublinhando que desde 1975 avisavam que o Estado social estava a ser morto.

    Num obituário publicado esta semana no "The Guardian", sobre a morte simultânea do seu primo britânico, era dito, com razão, que o desaparecimento do Estado social não significava o fim da despesa social, mas apenas um regresso aos seus antecessores, a caridade e as políticas centradas no combate à pobreza extrema. À hora de fecho desta edição, havia rumores crescentes de que o seu pai, a democracia representativa, e a sua mãe, uma sociedade decente, ainda que mantivessem sinais vitais, estavam numa situação clínica muito delicada e talvez não recuperassem do abalo causado pela morte do filho dileto.’

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