domingo, janeiro 06, 2013

Por que sou fã da Maria Teixeira Alves?

Primeiro parágrafo: O Estado tem uma linha do dinheiro da troika destinada só a intervencionar bancos.
Último parágrafo: Quem dera que os socialistas tivessem tido tanto tacto com os BPN e BPP.

Não interessa o que está entre o primeiro e o último parágrafo. Deve ser igualmente g-e-n-i-a-l!

7 comentários :

Gonçalo disse...

ahaha, esta tipa é a sublimação do espírito PSD. Não é a do "discretos génios"?

Maria Teixeira Alves disse...

Já respondi no blog Declínio e Queda, onde expliquei o que é a linha dos 12 mil milhões de euros para a banca e que faz parte dos 78 mil milhões que e troika emprestou a Portugal, depois de negociar com o governo anterior (socialista). Mas para vou poupar trabalho, explico-vos que Bruxelas, desde a crise de 2008 - subprime, Falência do Lehman Brothers - exigiu que os Estados membros criassem uma linha para a recapitalização da banca. Que pode ser usada mediante determinados requisitos. Quando Portugal foi intervencionado e o montante de empréstimo negociado, mais uma vez repito pelo Governo socialista (e bem negociado, excepto no montante que deveria ter sido superior) foi decidido que dos 78 mil milhões que EMPRESTAM a POrtugal, 12 mil milhões é para constituir a linha de recapitalização da banca. Isto é, já estamos a pagar juros sobre essa linha desde que foi criada, independentemente de ser usada ou não.É por isso que a intervenção do Banif não acresce ao défice, assim como a intervenção no BCP (que foi de 3 bi) e a intervenção no BPI de 1,3 bi. Perceberam agora? Eu não sou de nenhum partido, mas porque a inteligência obriga sou de direita :)

Gonçalo disse...

Pois muito bem, caríssima, estou em crer que julgará que mais ninguém - que não as luminosas mentes governamentais e dos anjos que derramam a verdade revelada sobre nós, os pobres ignorantes - se tinha apercebido disso.

A seguir, fará, por obséquio, a gentileza de nos expicar por que razão é que isto "não custa ao contribuinte", por que razão é que se "nacionaliza" um banco sem exigir o controlo operacional, por que razão é que se salva mais um banco enquanto que aqui, no país real, as empresas caem como tordos e financiamentos nem vê-los.

Não sei o que é que lhe disseram no press release / almoçarada, mas talvez fosse preferível não menosprezar os seus interlocutores.

Que esta "nacionalização" é um instrumento para chegar aos 12 mil milhões alocados à banca já toda a gente tinha percebido. Desculpe lá abanar o seu barquinho jactante, mas não é preciso ser rocket scientist para interpretar as evidências.

O que não se sabia - e deve ser aí a genialidade da coisa - é que agora, parece que é fair game fazer jogadas como esta para enganar a troika.

Para ser justo - e liberal ou de direita - o banco, se funciona mal, devia ir abaixo.

Para ser justo - e liberal ou de direita - mesmo fazendo a jogada, o dinheiro deveria ser canalizado para o financiamento da economia, e não para a aquisição de dívida (bem sei que é mais rentável para o banco e ainda serve para estatística auto-apologética do Governo)


Para ser justo - e liberal, mas aqui mais de esquerda - o dinheiro alocado aos bancos (a maior parte do qual não foi utilizada) deveria ser renegociado:

. Ora devolvido à precedência com um pedido de estorno (porque não?!) dos juros que por eles pagamos há um ano e tal.

. Ora desbloqueado para outras utilizações (já que estamos a precisar dele para dinamizar a economia e que os bancos não o querem utilizar no quadro proposto)

. Ora injectado na economia via programas especiais, através dos bancos... linhas de crédito, etc. Já sei que não gostam de dedinhos do estado na gestão, mas o Gaspar não se importava com watchdogs nas empresas para se certificar que não gastavam o dinsheiro da TSU em meninas e vinho verde.

São uns génios, é o que é. E inteligentíssimos também, ao que parece.

Anónimo disse...

"Eu não sou de nenhum partido, mas porque a inteligência obriga sou de direita :)"

Afirmações desta natureza só provam que de inteligente o autor(a) têm muito pouco, mas de intolerancia parece estar de barriguinha cheia.
A inteligência mede-se pela disponibilidade para aceitar e colocar no mesmo plano opiniões diferentes, não para eleger a sua opinião como a opção inteligente.

Maria Teixeira Alves disse...

Olhe Gonçalo, os 12 mil milhões já está a pagar juros sobre eles, portanto não pesa mais (do que os juros que já paga) no contribuinte. Segundo lugar não é nenhuma esperteza porque esta linha é destinada a ajudar os bancos a subirem os rácios de capital e evitar falência, foi para isso que foi criada, em terceiro lugar se o Banif fosse à falência, as perdas (despesas do Estado, portanto contribuintes a serem afectados no défice) à cabeça eram logo de 1,175 mil milhões de euros por causa de empréstimos que foram emitidos com garantia do Estado, desde 2008, altura em que uma linha de garantias foi criada para o efeito e que somam 1,175 mil milhões (superior aos 1,1 mil milhões injectados). Enfim, já chega de balelas. O Estado pôs 1,1 mil milhões o Banif usa esse dinheiro para comprar dívida pública, o Banif fica com acções, após recompra de parte, a partir de 2017.

Gonçalo disse...

A Maria Teresa será de direita e inteligentíssima, não o duvido.

Check check check aos seus três pontos, não são eles que estão em causa.

O desafio, Maria Teresa, se me permite a ousadia, é não olhar as coisas pela rama.

A questão que se coloca é que o banco (até para compensar acionistas e para pagar o "empréstimo" ao Estado) vai procurar a máxima rendabilidade, comprando dívida pública.

Ora isto até acaba por ser simpático para a gestão do Governo, claro, e para o banco, MAS não surte qualquer efeito na economia a curto prazo, que é o que é preciso urgentemente.

Está a ver a coisa?

Sabemos perfeitamente que os 12 mil milhões alocados aos bancos não podem ser "mexidos" com outros fins. Portanto, até consideraria mais ou menos inteligente (dado o enquadramento) se se utilizasse o banco como veículo para lhes aceder e colocar esse montante na economia "real".

Coisa que, como saberá, não está a acontecer. Se tivesse de gerir uma empresa e de pagar ordenados ao fim do mês, como alguns dos seus leitores que menospreza, talvez tivesse outra opinião sobre estas "genialidades".

O dinheiro vai ser orientado exclusivamente para a compra de dívida, garanto-lhe. Até porque o Governo nem observou qualquer mecanismo de controlo sobre uma gestão que, para todos os efeitos, não conseguiu melhor que um banco falido e uma bela soma de confusões legais.

Está a ver o "liberalismo" da coisa?

Por um lado, é-se estatista para lhes atirar dinheirinho, por outro nem sequer se tem o "rasgo" intelectual de pensar fora da caixinha.

"Inteligência" minha cara, seria pensar fora das células do excel.

Maria Teixeira Alves disse...

Caro Gonçalo, para se pensar fora das células do excel tem que se respeitar o excel, antes de qualquer coisa...

Já agora deixo aqui uma definição do BSSF:
The Financial Assistance Programme to Portugal includes a bank solvency support facility which amounts to €12 billion. This means that there is sufficient public provision of equity available to recapitalise banks in the event that marked-based solutions do not materialise as would be desirable.

As is well known, under the Financial Assistance Programme the largest Portuguese banking groups are subject to strengthened quarterly assessment procedures, specifically regarding compliance with the solvency levels set by Banco de Portugal and the ongoing deleveraging processes.