• Pedro Adão e Silva, DESTRUIR PARA CRIAR [hoje no Expresso]:
- ‘(…) mesmo em contextos assentes no messianismo, a realidade continua a ter muita força e esta semana o mundo de Vítor Gaspar parece ter começado a mudar. O que eram as verdades insofismáveis de ontem deixaram de o ser: o cenário macroeconómico do OE-2013 durou um par de meses; mais tempo já não significa mais dinheiro e a tese da austeridade expansionista, assente no irrealismo mágico, perdeu sentido.
Será esta mudança genuína e suficiente? É duvidoso que quem se move por crenças de natureza messiânica seja convertível pela realidade material. Acima de tudo, o essencial do nosso problema persiste.
Os níveis da dívida pública são insustentáveis e a trajetória atual só pode ser invertida com excedentes orçamentais significativos durante muito tempo. Uma impossibilidade com o que se prevê para a nossa economia e para o conjunto da zona euro, também por força dos pacotes de austeridade que têm sido impostos. Infelizmente para nós, enquanto acharmos que é possível pagar dívida externa com os recursos que resultam da atividade económica doméstica estamos condenados ao fracasso. A verdade é dura: ou nos batemos por uma renegociação da dívida, que liberte recursos para a dinamização da economia, ou resta-nos escolher entre aqueles que querem destruir a economia hoje para alimentar uma vã esperança de permanecer no euro e os que optam por destrui-la depois de sair do euro. Dois caminhos que podem bem levar ao colapso político.’
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