terça-feira, abril 02, 2013

Depois de "ir além da troika", ir além além da Constituição



Tudo leva a crer que Henrique Raposo nunca tenha folheado a Constituição da República. Ter-lhe-ão soprado ao ouvido que se tratava de um produto das forças do mal e tanto lhe bastou para a rejeitar. Há razões para suspeitar que os pais da Constituição terão deixado a coisa armadilhada só para fazer a cabeça em água ao articulista do Expresso.

Henrique não desconfia, mas são tão-só dois simples artigos que o deixam com os nervos à flor da pele.

Com efeito, Henrique não se conforma com o disposto no artigo 2.º da Constituição, que estabelece que Portugal é um Estado de direito democrático, baseado na separação de poderes. Ele até admitiria manusear a lei fundamental se tivesse a certeza de que encontraria nela plasmado que Portugal é um Estado subordinado às orientações de Abebe Selassie e que o poder judicial, em particular o Tribunal Constitucional, estaria na dependência hierárquica do Governo.

Se assim fosse, o Orçamento do Estado nunca poderia ser beliscado por essa coisa a que os constitucionalistas chamam, levianamente, princípio da confiança.

Mas isso não seria suficiente para saciar o pobre Henrique. Há uma outra norma, colocada estrategicamente na Constituição da República no século passado, para a armadilhar: o artigo 13.º, n.º 1. Deverão todos os cidadãos ter a mesma dignidade social e ser iguais perante a lei? Claro que não. O n.º 1 do artigo 13.º só seria aceitável se tivesse a seguinte redacção:
    «Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei, exceptuando aqueles que estão no ‘espaço dos "direitos adquiridos"’.»

No fundo, tenho para mim que o Expresso é um semanário de esquerda e que só é dado palco a Henrique Raposo para ridicularizar a direita. Não me parece mal de todo.

5 comentários :

PMatos disse...

Henrique Raposo... o homem que está acima de qualquer outro comum mortal... Ele é a prova de que a parvoíce nunca se engana: http://politicaevida.blogspot.pt/2013/03/a-parvoice-nunca-se-engana.html

Para mim continua a ser uma incógnita como é alguém como ele ainda escreve no Expresso, alguém que se orgulha da sua própria ignorância ao ponto de a mostrar a todos de forma sistemática... acho que o "milagre de Fátima" é mais fácil de explicar...

Anónimo disse...

o homem está sempre de olhos fechados. Pensava eu que aquilo era ar de gente circunspecta e atenta. Afinal é mesmo ar de idiota!

Anónimo disse...

Com o nível de indigência intelectual a que o país chegou o que me admita não é o HR escrever no Expesso que já teve como directo o Piqueno arquitecto, é ainda náo ter chegado pelo menos a assessor ou melhor, a acessor do Relvas.A ignorância e alarvidade chegaram ao poder.

António Horta Pinto disse...

Certamente que foi por ironia que M.A. disse que o Expresso é um jornal de esquerda. Eu acho que é um bom jornal, que se tem de ler, e leio-o desde o 1º número. Mas já o conheci muito menos de direita. Ultimamente têm recrutado uns "meninos-prodígio", como esse Raposinho, um tal Rui Ramos e outros exemplares da direita mais conservadora, a quem emprestam um ar moderno e engraçadinho.

Anónimo disse...

...com este director tb n pode ser de esquerda! Nem sei como o Nicolau e outros (poucos), como o MST lá está!