domingo, junho 30, 2013

Da série “Até quando é que os portugueses permitirão a esta tropa andar por aí a gozar com eles?” [4]


O défice orçamental apurado pelo INE no primeiro trimestre deste ano representa o pior resultado desde a chegada da troika. Repare-se nalguns dados que permitem contextualizar o descalabro em curso:
    • O défice atingiu 10,6% do PIB, que revela um agravamento em relação ao período homólogo de 2012 (7,9%);
    • Em termos monetários, o défice atingiu 4167,3 milhões no primeiro trimestre, resultado bem pior do que o registado nos três primeiros meses de 2012, quando o saldo negativo tinha sido de 3206,9 milhões;
    • O objectivo para 2013 é de um défice (renegociado com a troika) de 5,5%, ou seja, cerca de 9000 milhões, pouco mais do dobro do défice verificado já entre Janeiro e Março de 2013.
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Importa notar que os dados publicados pelo INE — contrariamente aos dados da execução orçamental publicados pelo Ministério das Finanças (em contabilidade pública) — são os que observam a metodologia (contabilidade nacional) aceite pelo Eurostat para apurar o défice orçamental e a dívida pública.

Como reagiu o Governo?

Primeiro, surgiu um afogueado secretário de Estado do Orçamento, que, numa declaração verdadeiramente deprimente, começou por afirmar: “Estes dados indicam o sucesso do programa de ajustamento.” Confrontado com os factos, expressão tão cara ao ministro Maduro, disse que se teria de ter em conta que o Estado está já a pagar “parte substancial dos subsídios” aos funcionários públicos. Ora, como se sabe, o pagamento do subsídio de férias foi, no essencial, adiado para Novembro e o subsídio de Natal, pago em duodécimos, representa, entre Janeiro e Março, apenas 3/12 do montante em causa.

Depois, subiu ao palco o alegado primeiro-ministro, que, com aquela cara que deus lhe deu, garantiu, a exemplo do que foi dizendo nos anos anteriores, que “o limite para o défice este ano é perfeitamente alcançável”.

Finalmente, apareceu Cavaco, o sapador bombeiro de serviço. “Como economista”, mas já não como “bom aluno”, desvalorizou os dados obtidos em contabilidade nacional (sempre exigidos por Bruxelas), sabendo ele muito bem que são os únicos que reflectem a realidade, e escudou-se no buraco em gestação do Banif. Só se esqueceu de dizer que, mesmo descontando a injecção de capital de 700 milhões de euros feita pelo Estado no Banif, o défice orçamental no primeiro trimestre ascenderia a 8,8% do PIB, mais do que no período homólogo de 2012.

Com Cavaco a meter a espiral recessiva na gaveta, a austeridade teima em derrotar-se a si própria, queimando cada vez doses maiores da riqueza do país. Até quando vamos aturar esta tropa?

2 comentários :

Anónimo disse...

Está a bater no fundo!!!!!

Anónimo disse...

Isto está em queda livre... até quando?