domingo, junho 02, 2013

“O próprio ministro das Finanças explicou que a austeridade que aplicou nos dois primeiros anos em Portugal foi o dobro da austeridade que estava prevista no Memorando inicial”

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Extracto da entrevista de Pedro Silva Pereira ao jornal i:
    Falou na necessidade de demissão deste governo. O Presidente da República tem servido de trave de sustentação da coligação?
    O Presidente da República patrocinou esta obsessão governativa desde o início. Antes mesmo de ela existir. Foi ele que promoveu a crise política que deu lugar e oportunidade a esta maioria de direita. Tem protegido o governo usando de dois pesos e duas medidas a propósito daquilo que fez com o governo anterior. E portanto acho que está tudo dito. Julgo que não devemos esperar nada do Presidente da República.

    Temos um Presidente da República e um governo que já não representam os portugueses. É isso?
    Creio que o Presidente da República não tem estado à altura do juramento que fez da Constituição e daquilo que se espera do exercício das funções presidenciais. Com certeza que o governo, desde o início, faltou ao seu compromisso eleitoral para com os portugueses. Não se tratou apenas de o governo executar esta ou aquela medida que não estava no seu programa eleitoral. O governo o que está é a executar uma agenda, uma estratégia governativa totalmente oposta àquilo que prometeu. E isso faz dele um governo sem legitimidade, sem mandato.

    A agenda a que alguns chamam neoliberal não é mero reflexo da necessidade de ajustar gastos à capacidade produtiva do país?
    Não, esta agenda é bastante mais do que isso. O próprio ministro das Finanças explicou que a austeridade que aplicou nos dois primeiros anos em Portugal foi o dobro da austeridade que estava prevista no Memorando inicial. Isto significa que não se trata apenas de cumprir aquilo que é necessário para o ajustamento. Trata-se de ir além da troika para cumprir uma agenda ideológica neoliberal contra o Estado. É isso que naturalmente não pode ter nem o assentimento do Partido Socialista, nem qualquer concordância do país, e está a suscitar estes movimentos de oposição alargados.

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