É um segredo bem guardado o modo como o pequeno grande arquitecto do outrora luminoso Sol entra em contacto com o mundo dos vivos. A verdade é que, mesmo desterrado no monte alentejano, lhe devemos algumas das crónicas mais engraçadas da imprensa luso-angolana.
No último “Política a Sério”, Saraiva insurgia-se contra a greve dos professores, explicando com inusitada convicção por que Nuno Crato não poderia aceitar a proposta da comissão arbitral de mudar a data dos exames:
- “Ora, se o Governo desmarcasse o exame, além de estar a 'premiar o infractor', criava um precedente gravíssimo: daqui para a frente, os sindicatos passariam a privilegiar os dias de exames para fazerem greves, sabendo que com isso aumentariam a pressão sobre o Governo.”
Como se sabe, o Governo não seguiu a lição do pequeno grande arquitecto. Que fazer? Modificar o texto antes de o enviar para a gráfica? Não retocar a prosa para que os seus fiéis seguidores se apercebam de que o Governo estaria a criar “um precedente gravíssimo”? Não, Saraiva escreve um post scriptum a elogiar a medida tomada:
- “PS - A antecipação dos exames marcados para o dia da greve geral foi uma decisão hábil do ministro. Se adiasse as provas, a greve seria vista positivamente pelos alunos, que teriam mais dias para estudar. Assim, é vista negativamente - pois têm menos um dia para preparar o exame.”
Desde que os alunos não vejam as greves “positivamente”, tudo bem lá no monte alentejano.
1 comentário :
E saber que estes idiotas estavam na primeira linha das campanhas negras do passado...para tomarem de assalto o pote.... e fazerem o que estão a fazer...
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