Parte de infografia publicada ontem no DN (clique na imagem para a ampliar) |
Fernanda Câncio retratava ontem no DN a situação actual dos desempregados num texto com o sugestivo título de “A prestação contributiva que vem com castigo”: «Numa altura em que a taxa de desemprego chega aos 18% — esperando-se que atinja pelo menos 19% até ao fim do ano —, cda vez mais portugueses são obrigados a conhecer as regras de uma prestação que os faz sentir cidadãos de terceira e que comparam à “pulseira eletrónica”.» O artigo está aqui [via Shyznogud].
Hoje, Isabel Jonet, a propósito das consequências da crise (e da actuação do Governo), projecta o que será a sociedade em 2023. Numa escrita burlesca, em que se entrelaçam, sem aviso prévio, o mundo e a sociedade portuguesa, Jonet compromete-se a falar do futuro, mas o essencial do que diz é sobre o presente:
- • Vê com surpreendente simpatia o processo de empobrecimento em curso (“Foi exigido um regresso ao essencial, um despojamento de tudo aquilo que vinha invadindo as nossas vidas, sem lhes acrescentar valor”);
• Descortina no fanatismo de Vítor Gaspar que atirou o país contra a parede o modelo que nos guiará a partir de agora (“fomos capazes de apresentar e de propor soluções que permitiram preparar um advir em que seja menor a probabilidade de recorrência de situações desta natureza”).
Que uma economista como Jonet não faça ideia nenhuma dos bloqueios da economia portuguesa (“O repensar do modelo, permitiu um novo desenvolvimento das economias, contribuindo para recuperar os níveis mínimos de confiança e repor os fluxos normais de acesso ao crédito, crucial para fazer face ao desemprego, fundamental para o crescimento”), ainda vá que não vá. Mas que Jonet ande entretida na caridade e não se aperceba da miséria que grassa no país (“O esforço para regressar à essência das coisas permitiu deixar aos nossos filhos e netos uma herança menos pesada”) é insultuoso.
Talvez uma alma piedosa lhe pudesse fazer chegar a reportagem de Fernanda Câncio. Sempre era uma tentativa.
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