Extracto de ensaio de Pedro Lains [hoje no Público]:
- ‘Em palavras simples, a austeridade que o memorando assinado com os credores impunha foi duplicada e as reformas legislativas por que ele pugnava, ditas "estruturais", foram aumentadas. O resultado é quase totalmente negativo, dadas as consequências das medidas restritivas na actividade económica do país, em particular no emprego, no investimento e na estrutura empresarial. Do lado dos efeitos positivos esperados, pouco aconteceu.
Quem esperava o contrário nunca se perguntou a sério como crescem as economias. Porventura, alguns até procuraram um memorando de entendimento por trás da Revolução Industrial britânica, passe-se mais esta redução ao absurdo. Quanto aos efeitos negativos, só mesmo quem não conhecia a economia portuguesa não esperava a magnitude do que se veio a verificar.
Como foi possível levar a cabo um pacote de políticas teoricamente mal fundamentadas e instrumentalmente mal desenhadas? Como foi possível tanta gente ter caído durante tanto tempo e com tanto convencimento num erro de tamanha dimensão? A explicação tem de ir para além das inclinações ideológicas e dos desejos políticos e é preciso analisar quem de facto mais ganhou com essas escolhas, a nível nacional e internacional. Dessa análise só pode resultar uma conclusão, a saber, ganharam os interesses financeiros e os mais ricos da sociedade, em Portugal e noutros países. Perderam as pessoas menos abonadas, incluindo muitos empresários, e, com elas, a social-democracia e integração europeias, e a globalização equilibrada e com futuro.’
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