• Vasco Pulido Valente, Um caso [hoje no Público]:
- ‘(…) se pensarmos no ascendente que a profissão de economista tomou em Portugal, é logo claro que António Borges era uma personagem importantíssima de um pequeno grupo que se julga destinado a governar Portugal e que atribui a desgraça para que o país pouco a pouco resvalou ao simples facto de os políticos há 30 anos se recusarem a seguir as suas receitas. De um lado, a ignorância triunfante dos partidos. Do outro, a infalível sabedoria de uns tantos privilegiados, que se educaram em Princeton ou em Harvard, em Stanford ou em Yale. E o extraordinário é que a generalidade da classe média acredita nesta visão do mundo. Basta ver o deslocado respeito que recebeu a mediocridade de Vítor Gaspar; e a absurda imputação a António Borges dos males da Pátria, para que ele não metera nem prego, nem estopa.
De qualquer maneira, o antagonismo entre esquerda e direita a propósito deste episódio serviu para mostrar uma coisa muito simples: que a economia não é uma ciência. (..) Os senhores da economia reclamam para ela o estatuto da medicina, por exemplo, mas quando se põem a perorar é para se agredirem ou para tentar impor as verdades de fé, que eles próprios não compreendem muito bem.’
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