• Pedro Nuno Santos, A austeridade destrói o futuro:
- ‘A folga no défice orçamental exigida por Paulo Portas não nos vai retirar do buraco em que caímos, antes servirá para permitir o prolongamento da estratégia austeritária. Mas esta política, que tanto sofrimento provoca no presente, prejudicará gravemente qualquer possibilidade de recuperação sustentável. Não se trata, portanto, de uma dor necessária para podermos ter um futuro radioso. A destruição de capacidade de produção a que assistimos no nosso país é perigosíssima também a médio e longo prazo. Se uma empresa pode cair numa situação de falência muito rapidamente, o mesmo já não se pode dizer da sua reactivação ou do lançamento com sucesso de um novo projecto empresarial. Quanto mais tarde a procura reanimar, mais difícil será reactivar uma empresa. Como alguns economistas raciocinam com base em modelos fechados, nem sequer têm consciência da rapidez com que maquinaria parada e pavilhões abandonados se tornam obsoletos e irrecuperáveis. Ao contrário do que alguns pensam, a economia nunca reagirá automaticamente. Mas a austeridade também provocará consequências, no médio e no longo prazo, ao nível da qualificação da nossa força de trabalho. Seja pela via do empobrecimento, que leva muitos jovens licenciados a emigrar ou a não conseguirem prosseguir os estudos, seja pela via dos cortes na educação, com a diminuição de professores e o aumento do número de alunos por turma, o país pagará muito caro no futuro se não puser termo à austeridade o quanto antes. O país precisava de que os políticos nacionais, em vez de pedirem pequenas folgas no ajustamento, tivessem a coragem de assumir, perante a troika, aquilo que Wolfgang Munchau e Dani Rodrik vieram dizer a Portugal, a convite da Fundação Francisco Manuel dos Santos: a dívida não pode ser paga na sua totalidade, tem de ser reestruturada. É que só assim teríamos condições para pôr fim à austeridade, que nos mata o presente e hipoteca o futuro.’
1 comentário :
Não se preocupem, pá: o Tó-Zé hoje fala grosso à Tróica lá no Rato e resolve tudo a contento do... Guverno!
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