• Fernanda Palma, Justiça intergeracional:
- ‘Em Portugal, o apelo à "justiça intergeracional" surge no pior momento, tentando justificar os cortes impostos pela troika e dissolvendo o futuro no problema financeiro imediato. Ora, é óbvio que os cortes nas pensões vão afetar quem já não tem condições de poupar e não pode compensar as reduções de que foi alvo. Não devemos, por isso, misturar as duas questões.
Contra esta tendência deve prevalecer uma orientação de proteção, integração e dignificação da terceira idade, que o artigo 72º da Constituição portuguesa expressamente consagra. As pessoas idosas têm direito à segurança económica e compete ao Estado promover políticas que garantam a sua autonomia pessoal e evitem o seu isolamento.
Mas a justiça intergeracional impõe uma obrigação a esta geração empobrecida. É necessário investir na produção de todos os bens, sem deixar de fora o investimento na educação, na ciência e na cultura. Em vez de fratura entre gerações, é indispensável um acordo sobre o modo de articular a justiça do presente com a promoção de instituições justas no futuro.’
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