• Fernanda Palma, Universidade de inverno:
- ‘As "universidades de verão" poderiam começar por discutir o sentido da Universidade.
A Universidade não é muito estimada pelo poder político. Tem sido votada ao desprezo, sofreu já cortes orçamentais severos e não é tão solicitada como noutros países para estudos sobre a nossa realidade e sobre as políticas públicas. O Estado prefere instituições estrangeiras ou consultores privados, que lhe cobram honorários imunes às políticas de austeridade.
Apesar disso, a Universidade tem emprestado o seu nome e o seu prestígio às "universidades de verão" dos partidos políticos. Porém, nessas organizações o espírito universitário não é percetível pelos cidadãos vulgares. São expostas opiniões sobre questões políticas atuais, mas ninguém é convidado a apresentar trabalho científico sobre problemas sociais.
O debate profundo da crise económica, do financiamento do sistema de saúde e das pensões de reforma, das novas conceções de Justiça e da evolução da criminalidade poderia ter lugar nessas "universidades". Mas "universidade de verão" é sinónimo de reinício do combate político, de algo ligeiro, com alguma abertura a diferenças ideológicas mas sem muita ciência.
Seria também interessante que as "universidades de verão" discutissem com preparação e seriedade o futuro do ensino, da cultura, da arte, da ciência e da própria Universidade. A Universidade a sério – que, por vezes, é o único refúgio possível no Inverno do nosso descontentamento – merece bem essa reflexão por parte de quem lhe pede emprestado o seu nome.’
2 comentários :
Sempre me fez confusão a utilização de Universidade e haver, inclusivamente, professores das ditas que se lá aparecem a caucionar. Acho que os temas e a conversa que tão doutas figuras vão para lá debitar implicaria que aquilo se deveria chamar Jardim infantil de Verão.
Chamar "universidade" a estas coisas devia levar o CRUP a pôr um processo em tribunal por publicidade enganosa...
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