• João Galamba, O facilitismo de Crato:
- ‘Em 2008, Nuno Crato afirmou que o Programa Internacional para a Avaliação de Alunos (PISA) era "único instrumento viável para avaliação do nosso sistema". Nessa altura, e com os dados conhecidos, Crato via na OCDE um aliado, que confirmava os seus piores cenários sobre a educação em Portugal.
Com os resultados do PISA2009, divulgados em 2010, tudo mudou, porque a tragédia anunciada por Nuno Crato afinal não acontecera - os alunos portugueses mostravam melhorias significativas e consistentes nas três áreas avaliadas, ciências, leitura e matemática, e aproximavam-se rapidamente da média da OCDE.
Perante esta calamidade (para Nuno Crato, não para o País), tornou-se necessário desvalorizar o PISA2009: não podia estar certo; tinha de ser uma anomalia estatística; que a amostra tinha sido distorcida pelos governos do PS; enfim, valeu de tudo para não reconhecer o óbvio: Portugal, através das suas políticas educativas (verdadeiras "reformas estruturais" ), estava, de facto, a ultrapassar aquele que é provavelmente o seu maior atraso estrutural - as qualificações da sua população - através de um ensino de crescente qualidade.
Na semana passada, com a divulgação do PISA2012, o mundo inventado por Nuno Crato implodiu, porque os resultados confirmam e consolidam a "anomalia estatística" de 2009: Portugal foi dos países onde os alunos - tanto os melhores como os piores - mais progrediram (nas três áreas, sobretudo em matemática) e, ajustados às condições socioeconómicas dos seus alunos, os resultados de Portugal colocam-no 6.º lugar da OCDE. Sobretudo, o programa de matemática do "eduquês" e do "facilitismo" socialistas - que, de forma controversa, Crato entretanto revogou - deu, segundo o elogio público da OCDE, um grande contributo para a melhoria dos resultados na disciplina. Para piorar tudo, importa dizer que a Suécia, o país modelo de Crato em termos de políticas educativas, não pára de se afundar e, nas três áreas analisadas, já está atrás de Portugal.
Como alguns já disseram, as teses sobre o facilitismo eram, elas próprias, facilitistas e, sobretudo, falsas. Depois de o "único instrumento viável para avaliação do nosso sistema" - o PISA - ter validado as melhorias das políticas públicas educativas da alegada "década perdida", Crato transformou-se num ministro zombie: as suas ideias morreram, mas continuam por aí, a contribuir para que os avanços recentes fiquem, pela sua acção política, postos em causa.’
1 comentário :
Um dos problemas do Crato é ter tido ( ou ter ?) o Medina Carreira como conselheiro...
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