quinta-feira, janeiro 16, 2014

O milagre das rosas


A oferta pública de venda (OPV) dos CTT foi precedida da sua avaliação por quatro bancos (BESI, Caixa BI, JP Morgan e BBVA), tendo o Estado decidido fixar o preço das acções em 5,52 euros. A esta cotação, os Correios foram avaliados em 828 milhões de euros. Como foram colocados no mercado títulos representativos de 68,5% do capital social, o Estado teve um encaixe de 567 milhões (519 milhões em termos líquidos).

A privatização ocorreu há 40 dias. O Jornal de Negócios informa de que o BESI, a JP Morgan e o Millennium IB apresentaram agora avaliações que ficam 30% acima da OPV. Com base na média dos actuais preços-alvo destes três bancos, os CTT valeriam mais 240 milhões de euros, sendo que no caso do banco norte-americano (preço-alvo de 7,40 euros, que dá um valor total de 1.110 milhões de euros) a diferença é ainda mais expressiva: 282 milhões.

Por outras palavras, ao preço médio agora atribuído por estas instituições bancárias (duas das quais envolvidas no processo de colocação dos CTT no mercado de capitais), o Estado teria encaixado mais 164 milhões de euros com a dispersão em bolsa dos 68,5% do capital dos CTT. Ou mais, tendo em conta a avaliação do JP Morgan.

É já certamente o efeito das melhorias introduzidas pela gestão privada dos CTT (embora ainda levada a cabo pelos gestores públicos). Mas não estamos livres de que apareça por aí um espírito malévolo a clamar que descobriu o valor do pote dos CTT: qualquer coisa à volta de 164 milhões de euros (ou até, se se tiver esticado a coisa, 193 milhões, a fazer fé na JP Morgan).

5 comentários :

Anónimo disse...

sei que a ideia estava nos pec, mas o ps que tivesse avisado que quando chegasse ao governo renacionalizaria a coisa.

Anónimo disse...

Tudo bons negócios e muito transparentes! Sempre os mesmos a comer da gamela dos gulosos.Mas o povo é sereno e aceita tudo com muita tranquilidade, como diz o outro.

Evaristo Ferreira disse...

É fartar, vilanagem! O JP Morgan e o BESI terão recomendado ao Governo para vender a um máximo de 5,70 e agora, passado pouco mais de um mês, avançam com o "justo valor de 7,40", tendo em conta o valor do dividendo. Chama-se a isto um roubo, perpetrado pelos banqueiros internacionais. Gatunos, estes; comparsas aqueles que aceitaram de mão beijada a oferta subavaliada pelos tubarões. Gatunos.

Anónimo disse...

Adivinhem lá quem andou a distribuir o dinheiro da negociata e que agora se alapou a um "cargo" naquela agencia de crim, perdão, de rating que todos conhecemos...
É, um governo que ia varrer os corruptos e as jogadas xuxalistas, meter os xuxas todos na prisão e tal...e tu zé povinho foste na conversa, não é?
Que grande palerma!

Anónimo disse...

Gostava que olhassem para a privatização da GALP em 2006, essa sim foi privatizada ao desbarato! Basta ver a evolução da cotações ao fim do 1º ano.
Mas disso não interessa falar