• Ferreira Fernandes, Sobre a doença:
- ‘Agora, devagarinho. Esta crónica não é sobre Sócrates. Aliás, a de ontem também não. Esta crónica é sobre uma doença mental. E a de ontem também. Esta semana, Sócrates falou, como tanta gente, sobre Eusébio e "eu". Não disse nada de empolgante: que foi na escola que ele comemorou, tinha 8 anos, o jogo Portugal-Coreia do Norte. Sobre o âmago do assunto, Eusébio, li muito melhor. Na caixa de comentários do Guardian, um leitor lembrou a história que o seu pai sempre contara: que, em miúdo, vira o Eusébio no estádio de St. James" Park, em Newcastle, jogar de luvas, "era a primeira vez que via neve", e marcar um belo golo de livre. No domingo, o filho disse ao pai que o "grande homem" morrera. Então, o pai repetiu a história e os por-menores. Ora, no ano passado, o Benfica jogou com o Newcastle e o filho soube que o Benfica e Eusébio nunca tinham estado em St. James" Park. No domingo, o filho rematou: "Não tive a coragem de dizer ao meu pai a verdade." Ele escreveu heart, que em inglês quer dizer, além de coragem, coração. Reparem, ele não cobrava ao pai a inverdade, o pai baralhara memórias, como tantas vezes fazemos às antigas e por vezes às mais queridas. José Sócrates não baralhou a memória, o essencial do que disse já se confirmou - alguns garotos da Covilhã iam para o pátio da escola mesmo aos sábados e nas férias. O problema aqui não é Sócrates e o seu testemunho vulgar. O problema foi o alarido sobre esse nada. Esse nada, nada. Cometeram-no um diretor de jornal, um eurodeputado, blogues e o jornal mais vendido, patrulhando uma memória velha de 47 anos do que aconteceu a um miúdo de 8. Mesmo se ele se tivesse enganado merecia só um sorriso. A sanha persecutória, essa, sim, é doentia. Aliás, ela é a doença. Uma obsessão. Há três anos, ela diabolizou um lado a ponto de ter impedido o que era então necessário e o Presidente diz, só agora, ser necessário: um esforço conjunto para combater a crise. A doença já nos cegou uma vez. E a minha memória é exata.’
1 comentário :
Não é uma doença, é mais um estado de alucinação cole[c]tiva, induzido eficazmente pelos poderes fácticos, através da Comunicação Social de massas, num Povo ignorante e crédulo. E, pior do que isso, ampliado estrondosamente por líderes de Esquerda sem escrúpulos e irresponsáveis, como Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e até alguns "respeitáveis" socialistas.
A sanha persecutória, o escárnio e o ódio compulsivo a José Sócrates são um fenómeno sociológico do nosso tempo e, de facto, têm conseguido canalizar a raiva popular, ignorante e boçal, muito embora nos tenha custado o Futuro do País, pelo menos a médio prazo, e o clima de coesão nacional em que vivíamos, tranquilamente, desde o 25 de Novembro (mais precisamente, desde a trágica morte de Sá Carneiro...).
Mas cuidado, poderosos, que o Povo pode ser ignorante (e é, sem dúvida, não por culpa própria, mas sim da pobreza moral das élites que vamos tendo desde o advento do pós-modernismo cultural e social), cuidado poderosos, que o Povo pode ser ignorante, mas não é burro.
E no dia em que se consciencializar, definitivamente, de como foi enganado e prejudicado por quem lhe inoculou a "doença mental" de que Ferreira Fernandes nos fala, ai, ai...
Enviar um comentário