A edição de amanhã do diário Le Monde dá conta de um debate importante que ocorre neste momento em França sobre o ensino da economia: Profs d’économie: néoclassiques 1 – hétérodoxes 0.
Estão a ser questionados os métodos de selecção e recrutamento dos professores, que permitiram ao pensamento neoclássico tornar-se dominante nas universidades. Para isso contribuiu um filtro determinante nas provas de acesso: “La bibliométrie, c'est-à-dire le nombre et l'impact des publications et des citations des articles du candidat, est déterminante. Les revues scientifiques sont elles-mêmes savamment classées par le CNRS en quatre catégories, dont la plus prestigieuse est nommée «1», voire «1*». On n'y trouve que des revues de pensée néoclassique. «Il faut publier dans des revues économétriques que personne ne lit, alors que l'écriture d'un livre, même s'il a un retentissement important, ne compte pour rien», déplore M. Batifoulier, qui a choisi de médiatiser son cas et de le porter en justice. Dans sa décision du 28 novembre 2013, le Conseil d'Etat a rejeté sa requête en annulation, estimant que, le formalisme de la procédure ayant été respecté, «il n'appartient pas au juge de contrôler l'appréciation faite par un jury de la valeur des candidats».”
Isto explica o recrutamento preferencial dos professores que se atêm à teoria neoclássica, como se pode ver pela infografia acima reproduzida.
6 comentários :
Ora aí está a razão da deriva eleitoral!
Claro, um pensamento dominante só pode impor-se ao povão a partir de um pensamento dominante implantado nas elites do conhecimento que, depois, as impingem aos profs e opinadores medíocres que pululam nas universidades rascas e nos media.
E que, apesar da aparente livre opinião, o fazem com a mesma liberdade e àvontade obscurantista como o faziam as elites religiosas na Idade Média.
Também em Portugal. E não apenas nas Faculdades de Economia. Veja quem, e como, indoctrina... perdão,lecciona cadeiras de Economia Política nos Mestrados de Administração Pública e Ciência Política da Universidade de Aveiro.
Onde a perseguição aos governos do Sócrates era uma constante em todas as aulas, sem qualquer contraditório e quem o tentava fazer era liminarmente ignorado com palmadinhas nas costas por estar, supostamente, a fazer o papel de advogado do Diabo.
Por isso, também o caso Face Oculta... Como já foi dito em tribunal, é um "julgamento com fundamentações políticas"...tudo condiz...
Miguel, perdoe-me mas tem aí vários erros.
Primeiro, o gráfico é sobre "economia política", e não sobre economia.
Segundo, ter um perfil quantitativo não implica ser neo-clássico! Os neo-keynesianos também são quantitativos e diria que estão em maioria.
Terceiro, o panorama das universidades francesas em termos de economia, nada tem a ver com a restante academia europeia.
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