• Pedro Nuno Santos, Abstenção violenta:
- «Os cidadãos, para se mobilizarem em torno do PS, têm de sentir que a alternativa política apresentada é credível e claramente diferente do programa que está a ser executado pelo governo. Essa percepção vai-se construindo ao longo do tempo mas nos últimos três anos o que o PS fez na oposição, em momentos chave, dificultou a afirmação dessa diferença. Um dos pontos de ataque da direita foi a ideia de que apenas executaram o memorando que foi negociado por nós. Apesar de não ser verdade, não conseguimos, com sucesso, desmontar esta teoria e para isso contribuíram algumas decisões erradas, como não termos votado, logo em 2011, contra o Orçamento do Estado para 2012 – que representava a negação do memorando negociado e assinado pelo PS com a troika, duplicava a austeridade inicialmente prevista para o ano de 2012 e incluía o corte dos subsídios de Natal e de férias, por exemplo. Perdeu-se, portanto, uma oportunidade importante para deixarmos claro que o governo tinha desvirtuado o que tinha sido inicialmente negociado com troika e para nos desmarcarmos de um memorando que já nada tinha a ver com o que tínhamos assinado. O PS devia ter votado contra, mas em vez disso optou pela “abstenção violenta”, não conquistando a credibilidade que alguns achavam que alcançariam com aquele voto e (pior que isso) reforçando a legitimidade do projecto de austeridade em dobro que a direita impôs ao nosso país, afastando-nos ainda mais dos cidadãos. A “abstenção violenta” colou-se ao PS como imagem de uma oposição pouco afirmativa e de um partido que não assumia posições claras e inequívocas sobre as matérias mais relevantes. António Costa foi um dos dirigentes que na Comissão Política Nacional do PS defendeu o voto contra no OE para 2012. As diferenças que contam são aquelas que se manifestam na acção política concreta – entre uma “abstenção violenta” e um voto contra, num Orçamento do Estado que duplicava a austeridade prevista no memorando inicial, António Costa não hesitou.»
2 comentários :
A ideia da "abstenção violenta" é perfeitamente coerente com o génio político do pobre Seguro: uma violentíssima nulidade...
É uma diferença substancialmente importante!Na altura, eu própria achei que o PS deveria ter votado contra...mas, ainda, "o circo estava a ser montado"...
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