• Miguel Sousa Tavares, UMA LEVE BRISA DE AR FRESCO [hoje no Expresso]:
- «Na semana passada escrevi aqui que estava na altura de António Costa começar a falar para o país, mais do que para o PS. A falar, sobretudo, para aquele milhão de eleitores flutuantes que , decidem os governos e que acreditam tão pouco neste quanto acreditam na alternativa suposta e proposta por António José Seguro.
Foi o que Costa começou a fazer esta semana, e só o simples facto de termos ouvido alguém a pensar política para lá do espesso nevoeiro destes longos dias que já levam três anos acumulados foi um sopro de brisa fresca nesta escuridão sem horizontes em que temos vivido. Não faço parte daqueles que, por convicção ou por desespero, acham que António Costa, antes de ser já era. Pelo contrário, acho, sim, que tem ainda tudo a provar e não é o seu desempenho à frente da Câmara de Lisboa que me satisfaz como garantia de futuro. Mas é evidente que não vejo comparação entre ele e Seguro, entre alguém que tem a responsabilidade de justificar a capacidade que se lhe reconhece de ser melhor do que aquilo que já mostrou e alguém que desde sempre sabemos que nunca irá além do que está à vista—até porque desconhece o que possa ser esse além. Imaginar um governo de António José Seguro com luminárias ministeriais do nível de um Alberto Martins ou de um Eurico Brilhante Dias é de tocar a rebate e mandar fechar o país.
No seu discurso no American Club, esta semana, António Costa teve o mérito de mostrar que, pelo menos, deu-se ao trabalho de pensar o país, para lá do curto prazo e para lá do primarismo político das frases feitas para eleitores tipo-Festa do Avante. Aliás, foi tão claro ao demarcar-se desta maioria, dizendo que só poderá haver consensos depois da ruptura, quanto foi ao dizer que é a outra esquerda que terá de vir ter com o PS e não o contrário. Comprou assim, de uma assentada, as duas guerras necessárias a reabrir o espaço natural dos socialistas: a partir de agora, vai estar debaixo de fogo cerrado, quer da actual maioria quer do PCP. Mas é assim que se marca terreno, fugindo dos lugares pantanosos onde tantas vezes os socialistas se enterraram, sem honra nem proveito. Porém, e como atrás dizia, o melhor do seu discurso (e, enfim, os discursos não são tudo...), foi a audácia de pensar para diante e à revelia do discurso oficial dos tempos que correm — o "TINA", como dizem os ingleses (There Is No Altemative). Os seus quatro pontos de partida para uma reforma da governação actual podiam ser mais, ou menos ou outros, mas são uma base estratégica e política de acção: aposta nos recursos naturais do país (e aqui, sendo sério e significando aquilo que eu li, saúde-se a referência à língua e ao território), aposta numa "sociedade do conhecimento", na modernização da economia e da administração pública e na coesão social. É vago? Sim, é ainda vago, apenas um ponto de partida. Faltam os detalhes, as medidas concretas, a abordagem das questões difíceis e das escolhas inevitáveis. Não é ainda, nem podia ser, um programa de governo, mas tão-só um programa de intenções — uma "agenda para a década", como lhe chamou. Mas, mesmo assim, caramba, que diferença substancial para o absoluto vazio de ideias e de horizontes de futuro de um Passos Coelho ou de um Seguro!
É claro que tudo isto, para grande escândalo dos "seguristas", é subjectivo, "fulanizado" e remete para "ambições pessoais" — que uns se podem permitir e outros não. Claro que sim, que se trata de ideias, mas também de pessoas. Como explicar isso a quem acha que é mais importante defender os estatutos do PS do que convencer os eleitores potenciais do PS?»
3 comentários :
Outro troglodita ao lado. O Costa parece que os atrai como carrapatos.
O apoio do MST a Costa não é incongruente com o desapoio de Coelho ao BES. Lembram-se da cena dos banqueiros no ultimo governo PS? pois bem no debate entre Socrates e o imberbe ficou bem claro quem ganhou. No entanto no habitual rescaldo nas televisões MST foi o primeiro a manifestar-se a favor de coelho, precipitando toda a carneirada comentarista. olhando para trás e com o q se sabe hoje sobre os Bes e demais bancos e a relação de MST com o BES 8ao qual nunca se refere nem comenta), compreende-se bem o q esteve em causa. São exemplos destes que aqui o CC nos dá como bons. Siga a marinha.
MST está hoje completamente descredibilizado como comentador "político". Como já há muito estava como "escritor".
E espero bem que Ant.º Costa não ligue um peido a este tipo de "apoiantes"|
We have feather, man...
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