sábado, julho 12, 2014

O caniche de todos os donos

O bobo fala, o governador diverte-se com as baboseiras

Eduardo Catroga comparou, em Maio de 2011, José Sócrates a Hitler, numa entrevista dada ao Público. Catroga estava então visivelmente desequilibrado, a ponto de ter sido forçado pelo PSD a fazer umas férias no Brasil até às eleições legislativas.

Agora, coube a Daniel Bessa fazer de bobo num jantar de empresários. Nesta iniciativa para ouvir Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, palrar sobre tudo e mais alguma coisa (excepto sobre o facto de ter deixado Ricardo Salgado aos comandos do BES até agora), o moderador Bessa, que parecia estar com um grão na asa, assumiu-se como a estrela do convívio, comparando José Sócrates e Vítor Constâncio aos terroristas da Al-Qaeda.

As imagens das televisões mostram que as reles considerações de Bessa não caíram bem entre os comensais, salvo entre um ou outro alarve. Mas a circunstância de Carlos Costa se ter mantido em silêncio perante a afronta ao seu antecessor no Banco de Portugal — não escondendo até um certo gozo com o que era dito — vale mais do que mil palavras sobre o seu carácter.

De Daniel Bessa é de esperar tudo. Vindo da esquerda radical, aterrou no grupo «Mais Sociedade» (a nova designação do «Compromisso Portugal»), depois de uma breve passagem pelo primeiro governo de António Guterres. Ele havia batido à porta dos Estados Gerais à espera, como confessou um dia, de ser convidado para ministro das Finanças. Acabou como ministro da Economia, tendo sido removido ao fim de seis meses (um record imbatível, mesmo tendo em conta todos os Álvaros que passaram pela pasta). Este ressentido sobrevive, desde então, de uns cargos honoríficos.

Bessa é o caso típico de alguém que, tendo perdido o respeito por si próprio, se comporta como uma camioneta sem travões.

A direita quer o desmantelamento do Estado social? Então, papagueia-se: «A economia está a ser aniquilada pelo Estado social».

A direita quer a redução dos direitos laborais? Então, faz-se de megafone: a legislação laboral, que «faz as delícias do Governo [de Sócrates]», tem de ser flexibilizada.

A direita quer reduzir os salários? Então, vamos a isso: «Acho que nas empresas viradas para os mercados exteriores, para serem capazes de produzir e vender mais barato aqui e ali, era vantajoso e um estímulo ser-lhes dada a possibilidade de aumentar o horário de trabalho até uma hora a mais, por exemplo», adiantando que esse aumento do horário não seria acompanhado de um aumento de salário.

A direita quer fazer cortes nos salários dos trabalhadores do Estado e nas pensões? Então, faz-se um embrulho popularucho para justificar a brutalidade da medida: é inevitável uma «pancadinha» nos rendimentos dos funcionários públicos e dos reformados.

O Governo atirou o país contra a parede, estando social e economicamente devastado? A direita quer levar mais longe a estratégia de empobrecimento? Então, cá temos o homem a fazer a quadratura do círculo: «É irrecusável reconhecer que foi feito um trabalho interno. Na frente das contas com o exterior. Em matéria de contas públicas. Claro que muitas coisas não foram feitas como gostaríamos. Há muitas áreas de reformas que não foram cumpridas. Mas, globalmente, temos de reconhecer que houve trabalho».

Mas não se peça a Daniel Bessa grandes rasgos. Num debate com Carrapatoso e Barreto, transcrito no Expresso¹, antecipava o futuro: «“Nós não vamos fugir a uma redução considerável do nosso nível de vida nos próximos anos”, que Bessa estima em cerca de 10%, admitindo que o ajustamento poderá variar entre cinco e dez anos.» Hoje, estamos em condições de avaliar a consistência técnica dos prognósticos de Bessa.

A direita não se conforma, na hora actual, com o Estado de direito democrático. Bessa dá voz à aspiração de virar do avesso o regime de Abril. É vê-lo sempre nas trincheiras da direita ostentando o chapéu de ex-ministro «socialista»: «O problema é profundo, estrutural, tem séculos. O que fazer? Isto não está fácil e necessita de uma resposta política. Tem de tocar a questão do poder. Do ponto de vista do discurso, é preciso uma mudança ampla, para não dizer radical»¹. Mas como não é homem para grandes arroubos, é vê-lo à espera de instruções: «De onde é que vem esse novo poder, essa nova autoridade? Não sei de onde pode surgir, sinto-me completamente perdido»¹.

Daniel Bessa aceitou desempenhar uma função menor no âmbito da propaganda da direita: justificar as barbaridades em curso, assumir as posições mais radicais para que o Governo pareça moderado. Comportando-se como um caniche que dá ao rabinho a todos os donos, não estava este pobre ressentido à espera de ser tratado com o desprezo que os pulhas merecem?

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¹ Edição do Expresso de 18.12.2010, pp. 46-7.

12 comentários :

james disse...

Ora aqui está um post muito útil para demonstrar como esta gentinha (Catroga, Bessa e Costa) é do piorio e do mais reles que existe na nossa praça.

Anónimo disse...

O homem não tem onde cair... e se perde emprego não tem mesmo para onde ir, logo está disposto a tudo...

João Santos disse...

Aqui está um verdadeiro miserável.
Este miserável sabe perfeitamente que o que está a dizer é pura mentira.
Mas há gente para tudo e este não lhe fica atrás.
Um autêntico merdas.Um coitado.

defender portugal disse...

Após 40 anos ,o que resta deste país? Quem será capaz de dizer uma verdade coerente assumindo ambas as situações de bem e de menos bem? Até parece que estamos todos bem e que nenhum partido este a desgovernar este país.Acusações sitemáticas de parte a parte ,mas, os politicos ,esses continuam a comer ,beber ,passear,ao trim tim tim que a vida é boa .QUEM TEM TOMATES DOS 1º MINISTROS E DIZ DE UMA VEZ A REALIDADE DOS FACTOS SEM SUBVERTER PARA O LADO DO PARTIDO. Porque razão a culpa do bem todos a querem ,mas, quando a coisa corre mal é vê-los a dar de frosques.....covardes é que são .

jose neves disse...

Este rasca "stand up alcoólizado" estilo bessa é demonstrativo da decadente degenerescência da trupe que passou por ser uma elite portuguesa e em quem os portugueses acreditaram e elevaram ao poder quase absoluto.
E, precisamente, detentores do poder quase total exercem-no já sem vergonha acentuando o seu carácter de decadência moral e intelectual que vem ao de cima como o azeite na água.
Começou com o bpn, bpp e bcp e culminou agora no caso bes a protecção e impunidade das elites corruptas decadentes que, ainda já claramente visíveis,tiveram força para correr com Sócrates e impor um governo dos seus. À solta, no meio do poder e senhores de grande parte dele, a corrupção passou da acção prática normal a estado de alma, a ética e moral dissoluta que modela o carácter dos corruptos, dos corruptores, dos que se vendem e compram por milhões ou por migalhas.
Este bessa é o exemplo prático deste tipo de "gente brilhante" como lhe chama outro igual, embora mestre-sofista, que dá pelo nome de lobo-xavier.
E sobre todos eles paira a ideologia tecnológica-empresarial-comercial-económica, disfarçada de não-política, do mestre-escola da escola-técnica-financeira cavaquista. Com este mestre-escola nasceu o ciclo degenerativo da democracia e com ele se foi mergulhando e afundando o ideal democrático e vai fechar o mesmo ciclo doentio.
Este reles comportamento de bessa, com apoio no sorriso de puta fina do costa do BdP, é já, em si próprio, um sintoma irreversível de morte.

Anónimo disse...

É cão que não conhece o dono - é o lema de vida

Zé da Adega

Unknown disse...

O Bessa foi da estrema esquerda? Por onde passou? Diga, quem souber. É só por curiosidade.

Anónimo disse...

E porque será que não falou de Teixeira dos Santos?

Porque Bessa não sabe absolutamente nada do que disse. Não acredita no que disse. O que disse não teve outro fim que não um ataque gratuito.
Só não sabemos é se o que disse foi uma BROCHADA também gratuita...isso é o que falta saber...

Até ver...Limitou-se a juntar palavras...

Anónimo disse...

O PS tem de aprender de uma vez por todas a ser mais seletivo nas suas escolhas.
E vai ter de fazer uma limpeza profunda e completa.

Lima Basto disse...

Este Bessa manhoso é o que já anunciava em rapazola, nos idos de 60 do século passado, na velha Faculdade de Economia do Porto, ao tempo funcionando na "Praça dos Leões", a Cedofeita. Era um mau carácter, péssimo e invejoso colega, capaz de (quase) tudo para passar a perna aos outros. Com a idade foi refinando, dando razão aos que, já nesse tempo, lhe auguravam futuros grandiosos. Quanto a essa de o Bessa ser de esquerda, tenham dó!...

Juiz Desembargador disse...



Daniel BARDAMERDA!


Uma bosta ambulante que empesta Brutogal...

Anónimo disse...

EXCELENTE POST - MEDE A CATEGORIA DO BICHO
Estamos cansados da Midia vendida, que só nos intoxica com estes intelectuais sabujos e medíocres.